Com informações de Agências
SÃO PAULO – Os hospitais do Peru estão enfrentando uma escassez de oxigênio, após suprimentos pelo insumo triplicarem por conta das variantes da Covid-19, que se espalham mais fácil e mais rápido, alertou a ministra da Saúde do país, Pilar Mazzetti, nessa quarta-feira, 10.
“O vírus com o qual começamos (a lidar) não é o mesmo que temos hoje”, disse a ministra da Saúde, que ressaltou um ser necessário recalcular a quantidade de cilindros. “O cálculo inicial da quantidade de oxigênio necessária, que pensávamos que fosse dobrar, triplicou. Ou seja, temos um incremento de 300% (na necessidade de oxigênio) ”, disse Mazzetti.
O Peru precisa de 510 toneladas de oxigênio por dia, mas atualmente só pode acessar 400 toneladas, deixando o país com “um déficit de 110 toneladas diárias”, disse ela. Também na quarta-feira, a primeira-ministra peruana Violeta Bermudez anunciou que as medidas de quarentena serão estendidas de 15 a 28 de fevereiro em 32 províncias de alto risco.
Crise
Eu não consigo respirar”. A frase que marcou os protestos nos Estados Unidos pela morte do americano George Floyd, nos quais manifestantes denunciavam o racismo na violência policial, tem sido repetida por vários pacientes de Covid-19 no Peru. O país enfrenta uma profunda crise no abastecimento de oxigênio medicinal que está levando seus cidadãos a recorrerem ao mercado ilegal para comprar tanques.
Desesperados, peruanos chegam a comprar o equipamento por cerca de dez vezes mais no mercado paralelo, mesmo sem saber sua procedência e sem ter condições financeiras. A dona de casa Denisse Rodríguez, de 48 anos, encontrou um anúncio no Facebook cobrando 4.500 soles, a moeda local – cerca de R$ 6.900. Ela pediu o dinheiro emprestado a familiares e amigos e fechou negócio. Seu filho precisava de ar com urgência.
“O que mais eu deveria fazer? Sem o oxigênio, meu filho não consegue passar a noite. Mesmo se o levassem ao hospital, eles o matariam”, disse Rodríguez ao jornal The Washington Post. “Não sei como vamos pagar o dinheiro de volta”, emendou a dona de casa, cujo marido não ganha nem R$ 200 por dia dirigindo sua mototáxi em Lima, capital do país.
Em alguns locais do Peru, os tanques de oxigênio são vendidos até 6.000 soles, conforme reportou a imprensa peruana. A recarga pode ser feita por 180 a 200 soles, mas, antes da pandemia, o metro cúbico do oxigênio saía por 7 soles, de acordo com o jornal El Comercio.
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