‘Humilhado’ e ‘perseguição’: veja o que disse Bolsonaro após operação da PF


Por: Ana Pastana

18 de julho de 2025
‘Humilhado’ e ‘perseguição’: veja o que disse Bolsonaro após operação da PF
Ex-presidente Jair Bolsonaro falou com a imprensa depois de colocar tornozeleira eletrônica (Antônio Cruz/Agência Brasil)

MANAUS (AM) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou à imprensa na manhã desta sexta-feira, 18, após deixar a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap), onde teve uma tornozeleira eletrônica instalada por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Bolsonaro classificou a medida como uma forma de perseguição e disse se sentir humilhado.

Bolsonaro comentou as medidas restritivas impostas contra ele, negou intenção de deixar o Brasil e mencionou o filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde fevereiro. Ele também se pronunciou sobre a quantia em dinheiro encontrada na residência onde mora, em Brasília e, em diversos momentos, fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Meus advogados tomaram conhecimento do inquérito que gerou as cautelares em cima de mim, aquele que meu filho está respondendo por estar nos Estados Unidos, o Eduardo Bolsonaro. Estou restrito a Brasília com tornozeleira, fizeram busca e apreensão em casa, prenderam R$ 7 mil e aproximadamente US$ 14 mil devidamente com origem. É um novo inquérito e eu também estou dentro dele“, disse.

O expoente da direita brasileira negou planos de sair do País e disse que a medida é uma “suprema humilhação“. “Nunca pensei em sair do Brasil, nunca pensei em ir para embaixada, mas as cautelares são em razão disso. Eu não posso me aproximar de embaixada, eu tenho horário para ficar na rua e no meu entender, o objetivo é uma suprema humilhação“, afirmou.

Sobre a quantia encontrada na residência onde mora, alvo de busca e apreensão da PF, Bolsonaro afirmou que os valores estão dentro da legalidade e com comprovantes de origem. “Tem mais ou menos US$ 14 mil. Poxa, sempre guardei dólar em casa, ‘pô’. Todo dólar que pego tem ‘lá’ o recibo do Banco do Brasil. O dólar em casa está com o recibo do Banco do Brasil que ano que vem, eu declaro no Imposto de Renda“, esclareceu.

Em outro momento, Bolsonaro declara que as medidas restritivas contra ele e os mandados de busca e apreensão são perseguições e uma prática de humilhação. “Poxa, eu sou ex-presidente da República, tenho 70 anos de idade, é uma suprema humilhação. É a 4° busca e apreensão em cima de mim. Eu não tenho a menor dúvida que é perseguição, gente. Que prova tem contra mim, não tem nada, é só suposições“, declarou.

Governo Lula

Bolsonaro afirmou que se o Governo Lula tivesse interesse, ele poderia negociar com o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as tarifas impostas contra o Brasil. “Se o governo tiver interesse eu converso, eu busco uma audiência com o presidente dos Estados Unidos. Agora, hoje em dia, o Lula não conversa com o Trump, o ministro das Relações Exteriores [Mauro Vieira] não conversa com o Rubio [Secretário de Estado dos EUA]. É um governo complemente alienado, é um governo que não conversa”, afirmou.

Na sede do PL, em Brasília (DF), o ex-presidente voltou a fazer declarações sobre o Governo Lula. Bolsonaro diz que a perseguição tem relação com as aparições dele na mídia, em comparação ao atual presidente. “Eu incomodo, desde quando sai da presidência, eu apareço na mídia. O Lula só aparece quando fala besteira. Eu incomodo“, afirmou.

Operação

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de operação da PF, na manhã desta sexta-feira, 18, em Brasília (DF). Os mandados foram cumpridos na casa dele e em endereços ligados ao Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente.

Bolsonaro passa a fazer uso de tornozeleira eletrônica como medida restritiva e não poderá ter acesso às redes sociais. As sanções foram determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e confirmada pelos advogados de defesa do ex-presidente à imprensa.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é alvo de operação da Polícia Federal (PF) (Alan Santos/PL e Reprodução/PF | Composição: Lucas Oliveira/CENARIUM)

Outras medidas cautelares também incluem permanecer em casa entre 19h e 7h da manhã e a proibição de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros, assim como com outros réus investigados pelo STF.

Segundo a Folha de S. Paulo, o procedimento sigiloso que levou à aplicação das medidas contra Bolsonaro foi autuado no STF e distribuído ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes em 11 de julho, dois dias depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, citando o processo contra o ex-presidente no STF.

Polícia Federal

A Polícia Federal apreendeu cerca de US$ 14 mil na operação de busca realizada contra o ex-presidente, de acordo com agentes que acompanham as ações. A defesa de Bolsonaro afirmou ter recebido “com surpresa e indignação” as medidas cautelares impostas ao ex-presidente. Disse ainda que ele “sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário“.

Em publicações nas redes sociais, o PL Nacional e o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, compartilharam, em colaboração, uma imagem de Bolsonaro em frente a uma reprodução da Bandeira do Brasil, com o seguinte texto: “Verás que um filho teu não foge à luta“. Na legenda da publicação, o partido chama Bolsonaro de “capitão” e afirma que ele não está sozinho.

Em outra publicação, o partido manifesta “estranheza e repúdio” diante da operação da Polícia Federal contra o ex-presidente e na sala que Bolsonaro ocupa na sigla. O Partido Liberal questiona, na nota, o que justifica a atitude se Bolsonaro sempre esteve à disposição das autoridades e afirma ser desproporcional a medida determinada pelo STF.

O PL considera a medida determinada pelo Supremo Tribunal Federal desproporcional, sobretudo pela ausência de qualquer resistência ou negativa por parte do presidente Bolsonaro em colaborar com todos os órgãos de investigação“, declarou.

Essa não é a primeira operação de busca contra o ex-presidente. Em fevereiro de 2024, a PF cumpriu mandados de busca e prisão contra ex-ministros de seu governo e militares envolvidos na trama golpista para manter o ex-presidente no poder. Um dos alvos foi o próprio ex-presidente. Ele teve que entregar o passaporte para a PF.

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Editado por Adrisa De Góes

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