Iate da festa clandestina no AM pertence a acusado de desmatamento e exploração sexual de adolescentes

Reportagem divulgada no Fantástico mostrou que grupo de 52 turistas desrespeitou restrições (Reprodução internet)

Com informações do De Olho nos Ruralistas

No momento mais grave da pandemia de Covid-19 no Brasil, País que hoje lidera o número de mortes diárias pela doença no mundo, um grupo de 52 turistas resolveu viver “la dolce vita” em águas amazônicas. Desembolsaram até R$ 12 mil para fazer um passeio pelo rio Negro com saída de Manaus. Com muita festa e praticamente nenhuma máscara, passaram cinco dias de imersão na “cultura, natureza, música e gastronomia” da região. Um tipo de festa que está proibida por decreto estadual do Governo do Amazonas. Participavam da festa 31 brasileiros radicados no País, sete que moram no exterior e 14 estrangeiros.

A aglomeração, já proibida em si, se tornou mais grave, quando os turistas foram a pelo menos quatro aldeias indígenas próximas do rio, para organizarem festas com os moradores, sem qualquer cuidado para evitar o contágio. Ao todo, expuseram diretamente 300 indígenas ao risco de pegar a doença. Indígenas, quilombolas e povos tradicionais, como os ribeirinhos, estão entre os mais vulneráveis ao contágio da pandemia, tanto que os dois primeiros fazem parte de grupos prioritários de vacinação. A história foi mostrada no último domingo pelo Fantástico, dominical jornalístico da Rede Globo.

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A emissora carioca não mostrou quem estava por trás desse turismo predatório da pandemia. De Olho nos Ruralistas apurou que as embarcações mostradas na reportagem pertencem à empresa WL Sistema Amazonense de Turismo, do empresário Waldery Areosa Ferreira, o sócio-administrador, e outros cinco sócios, todos de sua família. O clã Areosa concordou em alugar a embarcação de luxo para as festas mesmo sabendo do momento grave da pandemia no País.

O desrespeito à legislação não é um caso isolado na trajetória de Areosa. Em 2014, Waldery e o filho Waldery Junior, sócio do pai na WL, foram citados em um esquema de exploração sexual de adolescentes em Manaus. Eles estão entre os empresários e políticos citados como clientes da rede, acusada de aliciar as meninas nos bairros pobres da capital amazonense. O caso foi alvo da Operação Estocolmo e foi investigado por uma CPI criada na Assembleia Legislativa. Um prefeito, um deputado estadual e um cônsul honorário estavam entre os citados.

Em dezembro do ano passado, já durante a pandemia, os empresários, donos também do Hotel Amazon Jungle Palace, foram acusados de destruir as casas de ribeirinhos e fazer ameaças contra eles em Iranduba, município próximo de Manaus. O Amazonas Atual conta que Daniel Areosa, outro dos sócios, teria ido ao local com capangas armados. Segundo a reportagem, os posseiros compraram a área em 2017, de um suposto proprietário. Os empresários alegam que demarcaram um terreno cedido pelo governo estadual. A disputa envolve uma saída para o rio para o hotel, que tenta impedir a presença de povos tradicionais no local. Por conta desse ataque, ele responde na Justiça a dois processos por esbulho, turbação e ameaça, além da reintegração de posse.

Na Justiça Federal, Waldery já respondeu a uma ação sob a acusação de invadir terreno da União, instalação ilegal em cursos d’água e aterro ilegal em área de proteção ambiental. A ação é sobre a construção do condomínio Sunset Residencial, na Ponta Negra, área nobre de Manaus, às margens do rio Negro.

A festa clandestina também foi divulgada pela imprensa italiana. Um dos organizadores  é o italiano Paride Moronese, conhecido por organizar festas em diversos países do mundo. O iate-alvo da operação seria apenas um dos que participavam da festa organizada por ele. Paride é descendente de uma família de fabricantes de móveis de luxo de Pádua, na região do Veneto, norte daquele País.

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