Ibama investiga Jon Vlogs e Richard Rasmussen após vídeo com pirarucus
Por: Lucas Thiago
29 de agosto de 2025
MANAUS (AM) – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou, nesta quinta-feira, 28, que instaurou uma investigação para apurar se o influenciador Luan Kovarik, conhecido como “Jon Vlogs”, e o biólogo e apresentador Richard Rasmussen cometeram crime de maus-tratos a animais silvestres ao nadarem com pirarucus (Arapaima gigas) em um criadouro destinado à pesca turística, em Manaus, no Amazonas.
Em vídeos que circularam nas redes sociais na segunda-feira, 25, o influenciador e outros três homens aparecem dentro de um tanque de peixes, onde pelo menos três pirarucus saltam após serem cutucados com uma rede de pesca e uma vara de madeira manuseada pelo influenciador, que está sem camisa nas imagens. Após a divulgação, Richard Rasmussen saiu em defesa do grupo e classificou as críticas como “romantismo da conservação”.
“Manauaras, têm que respeitar isso. Está sendo uma janela gigante para vocês, para ouvirem falar de Manaus, para as pessoas virem para cá trazer mais recursos (…) os ‘mimizentos’ estão falando um monte de coisa. É aquele velho romantismo da conservação, ‘coitadinho do bicho’… Coitadinho de nós, que estamos aqui. Vai andar em Manaus à noite para ver o que é perigoso”, disse o biólogo. Assista a seguir.
A investigação do Ibama ficará a cargo da Superintendência no Amazonas, responsável por analisar os vídeos em que Jon Vlogs, incentivado por Richard Rasmussen, salta no viveiro de peixes para participar de uma pescaria com amigos. O órgão apura possíveis infrações ambientais que podem resultar em multas de até R$ 100 mil.
À CENARIUM, o superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, informou que abriu a investigação e enviou a denúncia para a Divisão de Proteção Ambiental (Dipam) do órgão. O departamento é responsável por fazer a apuração dos fatos e esclarecer se houve crime ambiental. O pirarucu é uma espécie protegida pela Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies da Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (Cites).
“Abri o processo de apuração e encaminhei para a Divisão de Proteção Ambiental, que é o nosso departamento de fiscalização. Eles vão analisar o material, os vídeos, e fazer as suas ações no sentido da investigação, no sentido de esclarecer os fatos. Havendo a comprovação e a caracterização de infrações ambientais, haverá a aplicação das sanções, que são a autuação, multa e outras medidas cauteladas”, disse Araújo.

Segundo o superintendente, o restaurante flutuante onde foi registrada a prática dos influenciadores e do apresentador também pode ser punido com multa de até R$ 10 milhões caso seja comprovada atividade de turismo com pirarucus sem licença ambiental.
No Amazonas, a pesca do pirarucu é proibida o ano todo. A captura é permitida somente mediante autorização de manejo sustentável emitida pelo Ibama, procedimento que visa garantir a conservação da espécie e o uso econômico legal.
Em nota, o Ibama informou que, ao analisar os vídeos, é possível identificar o cometimento de infrações ambientais previstas no Decreto 6.514/2008, que regulamenta sanções administrativas nessa área. Entre elas estão: praticar maus-tratos a animais silvestres, passível de multa de R$ 5 mil por unidade; pescar espécie protegida, com penalidades que variam de R$ 700 a R$ 100 mil; e, no caso do estabelecimento, executar atividade de turismo com pirarucus sem licença, sujeito a multas que vão de R$ 500 a R$ 10 milhões.