Ibama nega acordo, mantém multa e nada está definido no caso da capivara Filó

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Comemorações, debates e trocas de farpas para o desfecho do caso da capivara Filó estão ocorrendo nas redes sociais e Brasil afora, mas a situação não está encerrada. De acordo com uma fonte do Ibama à REVISTA CENARIUM, que pediu anonimato, “nada foi definido e o caso prossegue com todos os trâmites até o momento”. Ainda de acordo com a fonte interlocutora, a multa aplicada ao fazendeiro Agenor Tupinambá está mantida. “Ele terá que pagar a multa de R$ 17 mil, porque isso foi aplicado diante da exposição e dos ganhos que ele teve com o animal”, afirmou.

Em suas redes sociais, o deputado federal por São Paulo, Felipe Becari (União Brasil), ativista pela causa animal, postou um texto comemorando uma possível decisão do Ibama. “Vitória! Da razoabilidade, da coerência, do que é correto! A Filó vive em seu habitat natural e, por isso, não será mais removida e entregue às autoridades! Isso nos deixa extremamente felizes diante do esforço que tivemos, mas também cientes de algumas informações”, destacou o parlamentar federal.

Apelando à responsabilidade, já que, segundo a lei animal, silvestre não é pet, Felipe Becari chamou a atenção para o dispositivo e os termos da lei brasileira. “Animal silvestre não é pet, e nunca deverá ser. Nesse caso em específico, o animal vive em seu habitat natural, não foi tirado, nem encarcerado e, embora algumas condutas devam ser ajustadas (como o tipo de conteúdo produzido), ela está lá e, assim, continuará, pois vive em liberdade”, afirmou.

A comemoração publicada pelo deputado federal, em rede social, foi republicada por Agenor Tupinambá no Instagram. Mas até o fechamento desta matéria, o fazendeiro não se pronunciou sobre o assunto.

Avaliação veterinária

Porém, a fonte do Ibama rebateu. “Nada disso! Eu até entendo e sei da pressão que o deputado Felipe Becari está fazendo, mas o caso prossegue, a multa está aplicada e nada foi decidido. Inclusive, a capivara será avaliada por um veterinário, na segunda-feira, 24, e isso é apenas uma etapa do processo”, revelou a fonte. “Nós estamos muito tranquilos porque estamos do lado da lei”, afirmou. Questionado se há chances de uma decisão a favor da permanência de Filó com Agenor Tupinambá, a fonte respondeu: “As chances são mínimas”, finalizou.

Entenda o caso

Depois do sucesso das postagens em rede social do fazendeiro Agenor Tupinambá, que mora no município de Autazes (distante 118 quilômetros de Manaus), e sua capivara Filó, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) resolveu atuar sobre o caso. O Ibama notificou Agenor para que entregue o animal.

Ainda segundo a mesma fonte, Agenor cometeu, ao menos, quatro crimes ambientais. “Ele foi autuado. Havia nas suas postagens quatro crimes sendo cometidos: matar, maltratar, abusar e fazer uso da imagem”, elencou. De acordo com a fonte, o que Agenor faz em relação à capivara não tem amparo legal. “Não tem previsão legal retirar o animal silvestre do seu habitat e tratá-lo como doméstico, é crime, além disso, tem alguns agravantes, como o incentivo a que outras pessoas façam o mesmo”, avaliou.