Ícone do carimbó, Mestre Damasceno canta cultura do Pará com Grande Rio
Por: Fabyo Cruz
03 de março de 2025
Nascido em Salvaterra, na Ilha do Marajó, Mestre Damasceno é um dos grandes nomes do carimbó paraense (Divulgação)
BELÉM (PA) – Aos 71 anos, Mestre Damasceno, cantor, compositor e ícone do carimbó do Pará, desembarcou na madrugada desta segunda-feira, 3, no Rio de Janeiro. O artista marajoara é um dos compositores do samba-enredo da Acadêmicos do Grande Rio para o Carnaval 2025 e acompanhará de perto o desfile que leva a cultura paraense para a Marquês de Sapucaí.
Ao lado de Ailson Picanço, Davidson Jaime, Tay Coelho e Marcelo Moraes, Damasceno compôs a obra que venceu as etapas da disputa de samba-enredo da escola Deixa Falar, de Belém, e conquistou o direito de representar a Grande Rio no Grupo Especial do Rio de Janeiro. A canção embala o enredo “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”, que mergulha no universo místico da encantaria amazônica.
Nascido em Salvaterra, na Ilha do Marajó, Mestre Damasceno é um dos grandes nomes do carimbó paraense. Cantor, compositor e diretor artístico, ele foi reconhecido nacionalmente como mestre do gênero e é o criador do Búfalo-Bumbá de Salvaterra. Em 2023, sua obra foi declarada patrimônio cultural imaterial do Estado do Pará.
Mestre Damasceno no Rio de Janeiro (Créditos: @gutunes)
Com uma trajetória dedicada à música e à cultura amazônica, ele se tornou referência na preservação dos ritmos e tradições do carimbó, conectando a musicalidade ancestral à contemporaneidade. Agora, ao levar seu talento para a Sapucaí, reforça a importância da cultura paraense no maior espetáculo do carnaval brasileiro.
“Só de saber que o nosso samba foi classificado, foi campeão e foi para a Avenida, a gente se enche de emoção e alegria por saber que hoje nós vamos conseguir cantar esse samba na Marquês de Sapucaí, que é tudo que a gente deseja, é mostrar tanto para o povo do Rio como para o nosso povo, que está louquinho para ver a nossa vitória”, disse o mestre em entrevista à CENARIUM.
Encantaria amazônica
A história que a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio vai mostrar na madrugada desta terça-feira, 4, na Marquês de Sapucaí, foi transmitida de geração a geração nos terreiros de tambor de Mina da Amazônia paraense. O enredo gira em torno da lenda de três princesas turcas que, encantadas em alto-mar, atravessaram o espelho do encante, tornando-se entidades encantadas.
Acadêmicos do Grande Rio (Marco Terranova/Riotur)
Ao chegarem ao Brasil, adentraram o coração da floresta e passaram pelos ritos da Jurema Sagrada, transformando-se em animais de poder. Segundo o carnavalesco Leonardo Bora, responsável pela concepção artística do desfile junto a Gabriel Haddad, essa narrativa é um símbolo da fusão entre as tradições afro-indígenas que compõem a espiritualidade amazônica.
Para dar vida a essas figuras místicas, artistas paraenses foram escolhidas para representá-las na avenida. Fafá de Belém interpretará a princesa Mariana, simbolizada pela arara cantadeira; Dira Paes será Herondina, a onça; e Naieme dará vida à princesa Jarina, associada à jiboia e à borboleta azul.
O samba-enredo deste ano carrega uma importância especial, sendo composto por músicos ligados à cultura paraense, como o mestre de carimbó Damasceno.
“É um samba muito especial, composto por uma parceria ligada a uma escola de samba de Belém, a Deixa Falar. Entre os compositores tem um mestre de carimbó, o Mestre Damasceno. Achei muito bonito a Fafá estar encantada com o processo, que é a palavra que a gente mais usa. A gente quer que seja um desfile encantado, estamos falando de encantaria. O que esperamos é que a Grande Rio encante a avenida, que todo mundo mergulhe nessas águas encantadas, assim como a Fafá já mergulhou”, disse Leonardo Bora.
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