Imazon: Acre e Rondônia concentram desmate em unidades de conservação


24 de julho de 2024
Desmatamento na Amazônia Legal (Marcio Isensee/Shutterstock.com)
Desmatamento na Amazônia Legal (Marcio Isensee/Shutterstock.com)

Da Cenarium*

MANAUS (AM) – Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostram que os estados com mais unidades de conservação, entre as dez mais desmatadas, em junho de 2024, foram Acre e Rondônia, cada um com três no ranking.

De acordo com o instituto, desmatamento nas unidades de conservação (UC’s) da Amazônia fechou o primeiro semestre de 2024 com a menor derrubada nos últimos dez anos, registrando 93 km², uma queda de 18% quando comparado com o mesmo período de 2023.

Apesar disso, foi o Pará que registrou a UC que mais desmatou no mês, a APA Triunfo do Xingu, que sozinha representa a derrubada de uma área equivalente a 700 campos de futebol, segundo o instituto.

Área de desmatamento (Divulgação)

Entre os dez municípios críticos em desmatamento, no mês de junho deste ano, o Imazon indica que cinco estão no Amazonas: Lábrea, Novo Aripuanã e Boca do Acre, Apuí e Manicoré. A lista inclui ainda Trairão, Jacareacanga e Itaituba, no Pará, além de Porto Velho (RO) e Colniza, no Mato Grosso.

No acumulado de janeiro a junho, a perda de floresta em toda a Amazônia Legal foi quase 36% menor quando comparada com o mesmo período em 2023.

Terras Indígenas (TIs)

Ainda segundo o Imazon, além das UC’s, as terras indígenas da região também tiveram uma redução na destruição florestal no primeiro semestre, com 15 km² derrubados, a menor área registrada desde 2016.

“São dados positivos para a Amazônia, a redução do desmatamento nas unidades de conservação e terras indígenas é muito importante. Para que o desmatamento continue em tendência de queda, é necessário manter o ritmo de fiscalização nas áreas protegidas e focar nas regiões que ainda estão sob forte pressão ambiental. Qualquer redução nas ações de combate e controle podem acarretar no aumento da devastação nestes territórios novamente”, afirma a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.

Área de queimadas na Amazônia (Reprodução/Imazon)

Das dez terras indígenas mais desmatadas, as duas que lideram a área destruída são a TI Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, no Maranhão, e a TI Cachoeira Seca, no Pará, ambas com 1 km desmatados. Em seguida, estão dos TIs no Amazonas, com 400 km destruídos, as terras indígenas Sepoti e Tenharim Marmelos (Gleba B), segundo o Imazon.

Devastação aumenta após 14 meses

Desde abril de 2023, a Amazônia apresentava uma baixa consecutiva no desmatamento, tendo 14 meses seguidos de queda. Porém, os dados do mês de junho de 2024 mostraram um crescimento de 10% na derrubada se comparado com o mesmo mês de 2023, indo de 361 km² para 398 km².

“O período mais seco do calendário do desmatamento ocorre entre os meses de maio a outubro, historicamente os valores são mais altos durante esses meses porque o clima propicia a prática do desmatamento. A Amazônia apresentou uma sequência de 14 meses consecutivos de redução, agora houve um aumento de 10% da devastação. Ainda assim, a taxa é baixa quando consideramos a série histórica para o junho. Devemos observar os próximos meses, os órgãos responsáveis devem seguir com as ações de combate para garantir o não aumento do desmatamento”, explica a pesquisadora.

AM lidera destruição da floresta

Os Estados que mais contribuíram para a destruição de floresta, em junho de 2024, foram Amazonas (35%), Pará (26%) e Mato Grosso (15%), concentrando juntos 77% do total detectado na Amazônia Legal.

Apesar do cenário do mês de junho, no acumulado do primeiro semestre, 2024 registra a menor área desmatada desde 2017, com 1.220 km². Quando comparada com o ano anterior, a diminuição chega a aproximadamente 36%. Mesmo reforçando a tendência de queda, o número ainda representa 670 campos de futebol devastados por dia.

“As medidas de combate precisam focar principalmente nas regiões que mais registram perda. São municípios e áreas protegidas que frequentemente são apontadas como áreas de forte pressão ambiental e registram grandes áreas devastadas”, alerta Larissa.

Leia mais: Desmatamento na Amazônia é mais impulsionado por consumo do Brasil do que por exportações, indica estudo
(*) Com informações do Imazon

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