Impactos da pandemia no mercado de trabalho pode persistir por mais um ano, avalia economista

Restabelecimento passa pelo processo de vacinação das pessoas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um estudo divulgado na segunda-feira, 28, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que os impactos da pandemia ainda persistem no mercado de trabalho. Nem mesmo a melhora da atividade econômica e o crescimento da população ocupada no País ajudaram a diminuir os efeitos da Covid-19. O economista Wallace Meirelles estima que os impactos da crise da doença possam durar ainda por pelo menos mais um ano no Brasil e o restabelecimento passa pela vacinação da população.

“Os impactos da crise na economia vão demorar. Coloque um ano para frente. A coisa não vai se restabelecer de uma hora para outra, embora o mercado e a economia brasileira sejam muito dinâmicos, ainda assim vai demorar para sanar inúmeras questões no mercado de trabalho e do sistema empresarial, das micro e pequenas empresas”, frisa Meirelles.

PUBLICIDADE

Segundo a pesquisa do Ipea, feita com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a taxa de desocupação no Brasil ficou em 15,1% em março deste ano. O resultado representa um crescimento de 2,3 pontos percentuais ao igual período do ano anterior. Meirelles explica à REVISTA CENARIUM que o número de desocupados revela que o Brasil continua com uma economia desaquecida e que está em processo de restabelecimento.

“Quando a gente fala de economia e mercado de trabalho, temos que ver que isso é um processo. O restabelecimento da economia está lento. Já poderia estar mais acelerado se tivéssemos um trabalho mais coordenado por parte do governo federal; políticas públicas para restabelecimento do mercado de trabalho, para estímulo ao empreendedorismo, para o fortalecimento às micro e pequenas empresas e a gente não tem. Infelizmente, o Brasil não é nem liberal e ainda é um ortodoxo forçado e inepto. Temos que olhar que o Brasil precisa de planejamento para se restabelecer o mais breve possível”, salientou.

De acordo com a pesquisa do Ipea, o crescimento do número de desalentados corrobora a constatação de que o mercado de trabalho segue deteriorado, pois, nos últimos 12 meses, o contingente de pessoas com idade de trabalhar que estava fora da força de trabalho por conta do desalento saltou de 4,8 milhões para quase 6 milhões (alta de 25%).

O estudo mostra ainda que as mulheres e os jovens foram os mais prejudicados pela pandemia. A taxa de desocupação para as mulheres no primeiro trimestre de 2021 foi 17,9% maior do que para homens (12,2%), se comparado ao mesmo período de 2020. Já para os mais jovens, a taxa de desocupação ficou em 31%, enquanto que para os mais idosos ficou em 5,7%.

“Infelizmente, a concorrência acaba sendo desleal com as mulheres e os jovens sem experiência, ou com os idosos. A concorrência fica acirrada porque o mercado de trabalho não teve o crescimento adequado; você não teve um processo de restabelecimento da economia e, com isso, a concorrência é maior. O planejamento de Estado e de Governo é fundamental no momento como esse, de crise”, frisa o economista Wallace Meirelles.

Acesse a pesquisa na íntegra.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.