Incêndios florestais crescem mais de 200% no Amazonas


Por: Jadson Lima

22 de fevereiro de 2025
Incêndios florestais crescem mais de 200% no Amazonas
Incêndio florestal em Lábrea, no Amazonas, em 2024 (Ana Jaguatirica/Cenarium)

MANAUS (AM) – Dados da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), consultados pela CENARIUM neste sábado, 22, apontam que o número de crimes ambientais no Estado aumentou em 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O crescimento foi impulsionado pelos incêndios florestais dolosos, que tiveram alta superior a 214%, com 131 registros a mais do que em 2023.

Ao longo de 2024, foram registradas 192 ocorrências, um crescimento alarmante em relação às 61 registradas no ano anterior. A SSP-AM classifica os crimes de incêndio florestal em duas modalidades: dolosa e culposa. Em 2023, ocorreram nove infrações culposas, quando o infrator não teve a intenção de causar o crime. O número caiu para três em 2024.

Região do Sul do Amazonas concentra maioria dos registros de incêndios em 2024 (Ana Jaguatirica/CENARIUM)

Os números do Centro Integrado de Estatística de Segurança Pública (Ciesp) indicam que a maior parte das infrações ocorreu entre agosto e setembro, somando 149 ocorrências, o que representa 77,60% do total. Esse período coincide com a época de estiagem no Estado, que, nos últimos dois anos, enfrentou secas recordes e temperaturas elevadas.

A maioria dos registros nesse período se concentra na região Sul do Amazonas, conhecida como “Arco do Fogo”. O município de Canutama (AM), localizado a 619 quilômetros de Manaus, concentrou, em apenas dois meses 28 ocorrências, enquanto em Boca do Acre (AM), distante 1.028 quilômetros da capital amazonense, os registros de incêndios dolosos chegaram a 27. Todos os dados são dos meses de agosto e setembro do ano passado.

Brigadistas foram contratados no ano passado para combater incêndios (Divulgação/Governo do Amazonas)

No ano passado, o Governo do Amazonas chegou a contratar 85 brigadistas para atuarem na repressão às queimadas registradas no Sul do Estado, nos municípios de Novo Aripuanã, Boca do Acre, Apuí, Lábrea e Humaitá. Além disso, foi lançada uma operação integrada para combater crimes ambientais. Os dados mostram que a região concentra cerca de 85% dos crimes de desmatamento e queimadas.

A CENARIUM questionou a SSP-AM sobre a quantidade de prisões realizadas e se os dados dos anos de 2021 e 2022 estão atualizados de forma correta, uma vez que, segundo a pasta, os registros de incêndios florestais em 2021 foram seis e, em 2022, 13. Até o momento, não houve retorno.

Indígenas lutam contra queimadas

A CENARIUM noticiou, na edição impressa de novembro do ano passado, que os indígenas que moram no Sul do Estado atuam eles mesmos contra as queimadas e os impactos da crise climática na região da Terra Indígena (TI) de Caititu, localizada em Lábrea (AM). Um dos registros feitos na época mostra os brigadistas voluntários com equipamentos básicos, como bolsas de água, enxadas, facões e abafadores, enquanto caminham por várias horas para alcançar os focos de incêndios dentro da mata.

A chefe da brigada de incêndios da TI Caititu, Raimundinha Aripuanã, disse à equipe de reportagem que esteve no local na época que as dificuldades na atuação são intensificadas, porque os moradores precisam escolher entre trabalhar e combater os incêndios de forma voluntária. A liderança também pontuou que eles não possuem veículo próprio para se deslocar até a região do fogo.

Brigadistas voluntários atuam em combate às queimadas em TI no Sul do Amazonas (Ana Jaguatirica/CENARIUM)

“Muitos não querem participar porque deixam de ganhar uma diária fora para sustentar suas famílias, trocando isso por um trabalho que é voluntário. Já aconteceu de estarmos todos prontos para sair, mas não conseguirmos chegar ao local por falta de transporte. A brigada não tem veículo próprio, e isso torna o trabalho muito difícil. Quando surge uma emergência grande, carregamos o máximo de material possível no triciclo e seguimos caminhando”, declarou Apurinã.

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Editado por Izaías Godinho
Revisado por Gustavo Gilona

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