Incêndios, vazamentos e explosões: lançamentos da SpaceX, de Elon Musk, causam danos ambientais


28 de julho de 2024
Incêndios, vazamentos e explosões: lançamentos da SpaceX, de Elon Musk, causam danos ambientais
Esse foi o quarto texto do foguete da empresa de Elon Musk (Space X/Via Reuters)
Da Cenarium*

THE NEW YORK TIMES – Quando o Starship de Elon Musk —o maior foguete já fabricado— decolou com sucesso no mês passado, o lançamento foi aclamado como um grande salto para a SpaceX e o programa espacial civil dos Estados Unidos.

Duas horas depois, uma equipe da SpaceX, do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA (FWS, na sigla em inglês, braço ambiental do governo federal) e de um grupo de conservação começou a vasculhar o frágil habitat de aves migratórias que cercava o local de lançamento, uma vez que as condições foram consideradas seguras. O impacto era óbvio.

O lançamento havia desencadeado uma enorme explosão de lama, pedras e destroços nas terras públicas que cercam o complexo espacial de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 16,3 bilhões) de Musk.

Pedaços de metal e material de isolamento se espalharam pelas planícies de areia ao lado de um parque estadual. Em outro lugar, um pequeno incêndio havia se iniciado, deixando uma mancha carbonizada nas pastagens do parque —resquícios da decolagem que queimou 3.401 mil toneladas de combustível.

O mais perturbador para um membro do grupo foi a mancha amarela no solo no mesmo local onde um ninho de pássaro estava no dia anterior. Nenhum dos nove ninhos registrados pelo programa sem fins lucrativos Coastal Bend Bays & Estuaries antes do lançamento sobreviveu intacto.

A gema do ovo agora manchava o chão. “Os ninhos foram todos bagunçados ou têm ovos faltando“, disse Justin LeClaire, biólogo da Coastal Bend, a um inspetor do FWS enquanto um repórter do New York Times observava nas proximidades. O resultado faz parte de um padrão bem documentado.

Em pelo menos 19 ocasiões desde 2019, as operações da SpaceX causaram incêndios, vazamentos, explosões ou outros problemas associados ao rápido crescimento do complexo de Musk em Boca Chica, no Texas. Esses incidentes causaram danos ambientais e refletem um debate mais amplo sobre como equilibrar o progresso tecnológico e econômico com a proteção de ecossistemas delicados e comunidades locais.

Essa tensão natural é intensificada pela influência de Musk sobre as aspirações espaciais dos EUA. Membros do Congresso e altos funcionários da administração Biden têm demonstrado preocupação de forma privada e pública com a extensão do poder de Musk, à medida que o governo dos EUA depende cada vez mais da SpaceX para operações espaciais comerciais e para seus planos de viajar para a Lua e para Marte.

Uma análise das táticas de Musk no sul do Texas mostra como ele explorou as limitações e os objetivos das várias agências mais preparadas para fiscalizar a expansão feroz do complexo industrial que ele chama de Starbase.

Aqueles encarregados de proteger os recursos culturais e naturais da área —particularmente os funcionários do Serviço de Pesca e Vida Selvagem do Departamento do Interior e do Serviço de Parques Nacionais— perderam repetidamente para agências mais poderosas, incluindo a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), cujos objetivos estão entrelaçados com os de Musk.

No fim das contas, a ecologia do sul do Texas ficou em segundo plano em relação às ambições da SpaceX —e do país.

(*) Com informações da Folhapress

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