Índia se torna o novo epicentro da pandemia e bate recorde mundial de casos pela terceira vez

No último dia 14, o País chegava aos 200 mil casos por dia, o que revela um crescimento surpreendente em apenas 10 dias, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins (Danish Siddiqui/Reuters)

Com informações do O Globo

NOVA DÉLHI – O número de casos diários de Covid-19 na Índia bateu um novo recorde mundial pelo terceiro dia consecutivo neste sábado, quando foram registradas 346.786 novas infecções. A Índia ultrapassou o recorde mundial dos EUA de 297.430 infecções em um único dia, registrado em 8 de janeiro, na quinta-feira, tornando-se o epicentro global da pandemia.  

No último dia 14, o País chegava aos 200 mil casos por dia, o que revela um crescimento surpreendente em apenas 10 dias, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. O País, com população de cerca de 1,3 bilhão, já contabilizou 16,6 milhões de casos e 189.544 mortes desde o início da pandemia. 

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Nas últimas 24 horas também foram registradas 2.624 mortes, a maior taxa diária para o País até agora. No entanto, especialistas acreditam haver subnotificação, com crematórios em cidades de todos os portes funcionando ininterruptamente, cremando milhares de corpos de vítimas da Covid-19, em uma representação trágica da segunda onda da pandemia.

Colapso sanitário

O governo usou aviões e trens militares para levar oxigênio dos cantos mais distantes do País para a capital indiana, Nova Délhi, onde morre uma pessoa a cada quatro minutos. A televisão mostrou um caminhão de oxigênio chegando ao hospital Batra, após emitir um SOS dizendo que tinha 90 minutos de oxigênio restantes para seus 260 pacientes.

“Por favor, ajude-nos a conseguir oxigênio, haverá uma tragédia aqui”, apelou o ministro-chefe de Délhi, Arvind Kejriwal, ao primeiro-ministro Narendra Modi em uma conferência na sexta-feira. 

A crise também está se fazendo sentir em outras partes do País, com vários hospitais divulgando avisos de que não dispõem de oxigênio medicinal. A mídia local relatou novos casos de pessoas morrendo nas cidades de Jaipur e Amritsar por falta de gás.

Quase sem respirar, Shyam Narayan foi levado ao Hospital Guru Teg Bahadur (GTB), em Nova Délhi, mas sua família percebeu rapidamente que a sobrecarregada equipe médica nada poderia fazer por ele. Durante a noite, foram a diversos hospitais em busca de um leito de terapia intensiva. Mas em todos os centros a resposta foi negativa, de acordo com Ram, irmão de Shyam. Narayan foi uma das vítimas da nova onda, em que milhares de pessoas chegam aos hospitais e descobrem que não há leitos, falta oxigênio e remédios.

Mudança rápida

O próprio governo indiano chegou a declarar que havia vencido o coronavírus em fevereiro, quando os novos casos caíram para mínimos históricos. Especialistas em saúde disseram que a Índia se tornou complacente no inverno, quando novos casos aconteciam a cerca de 10 mil por dia e pareciam estar sob controle, levantando as restrições que permitiam a retomada de grandes reuniões. Outros dizem que a variante B.1.617, aparentemente mais contagiosa, estaria por trás do agravamento.

“Embora a complacência em aderir a máscaras e distanciamento físico possa ter desempenhado um papel, parece cada vez mais provável que esta segunda onda tenha sido alimentada por uma cepa muito mais virulenta”, escreveu Vikram Patel, Professor de Saúde Global na Harvard Medical School, no Indian Express. 

O diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, disse que reduzir a transmissão na Índia seria uma “tarefa muito difícil”, mas o governo estava trabalhando para limita o contato entre as pessoas, o que ele disse ser essencial. 

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