Indígena de 20 anos assassinado durante assalto, em Manaus, voltava para casa com panetone

O jovem indígena da etnia Sateré-Mawé Melquisedeque Santos do Vale, de 20 anos. (Reprodução/ Redes Sociais)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Familiares e amigos de Melquisedeque Santos de Vale, de 20 anos, brutalmente assassinado com um tiro na cabeça, na noite de quinta-feira, 16, em Manaus (AM), revoltados com a morte precoce do jovem indígena da etnia Sateré-Mawé, organizam uma manifestação para reivindicar justiça e mais segurança. Ele foi assassinado com um tiro durante um assalto a um coletivo da linha 444, na capital amazonense, enquanto retornava para casa após sair do trabalho onde atuava como jovem aprendiz. O rapaz voltava para casa com um panetone que acabava de ganhar no trabalho.

O velório e a manifestação estão marcados para acontecer nesta sexta-feira, 17, a partir das 10h30, na sede da Associação das Mulheres Sateré, rua São Marçal, número 822, bairro Compensa, zona Oeste de Manaus.

“Para a gente, tocou muito o fato de ser indígena também e ter um futuro promissor. É um sentimento também de insegurança, de revolta, porque é um ‘parente’, um indígena promissor aí no mercado de trabalho, com muitos sonhos que foram interrompidos pela barbaridade do crime”, afirmou à CENARIUM o líder indígena Fidelis Baniwa, que organiza a manifestação.

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“Está havendo uma mobilização, principalmente, do povo Sateré-Mawé que são os nossos parentes. A gente precisa mobilizar a sociedade com relação a esses casos, para cobrar da sociedade justiça e segurança para todos nós”, reivindicou Baniwa.

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Entenda o caso

Melquisedeque trabalhava em uma loja de departamentos, de onde portava um crachá, no momento do crime. Era do município de Manaquiri, distante 165 quilômetros de Manaus, e, segundo informações, havia recebido um panetone como brinde pelas festas de fim de ano, no mesmo dia. “Para a gente, o que impactou foi isso, ele veio pra cidade com essa perspectiva de trabalhar, com um futuro promissor em foco. Ele estava com o panetone que havia trazido da empresa e isso chocou muito”, disse, ainda, Fidelis Baniwa.

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De acordo com informações do motorista do ônibus à polícia, três homens armados anunciaram um assalto, na avenida Torquato Tapajós. Os suspeitos mandaram que o ônibus fosse desviado para a avenida Santos Dumont, no bairro Tarumã, zona Oeste. O trabalhador não quis ter o nome divulgado.

Testemunhas informaram que o jovem não teria reagido ao assalto, no entanto, mesmo assim acabou sendo baleado na cabeça durante a fuga dos suspeitos. O aparelho celular da vítima não foi levado pelos bandidos. O motorista dirigiu o ônibus até a porta do Aeroporto Internacional de Manaus, onde acionou as autoridades policiais.

O crime foi registrado no 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP), mas as investigações devem ser conduzidas pela Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações. (Derfd).

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