Indígena do povo Baré, técnica de enfermagem do AM morre por Covid-19

Enfermeira atuava na linha de frente da Covid-19 em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas (Reprodução/Facebook)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – As comunidades indígenas do Alto Rio Negro, ao norte do interior do Amazonas, perderam nesse domingo, 7, por complicações da pandemia do novo coronavírus, uma das ativistas que lutava em defesa da saúde dos povos tradicionais: a técnica de enfermagem de 48 anos, Rosilda Trindade de Andrade, do povo Baré.

Em nota de pesar, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) lamentou a morte da indígena, que deixa marido, dois filhos e um neto. “A senhora Rosilda Trindade lutou junto ao movimento indígena pelo fortalecimento da saúde dos povos do Rio Negro”, destacou a entidade.

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Segundo a Foirn, Rosilda foi uma das primeiras profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Negro (Dsei-ARN). Ao longo de sua militância social, ela, diz a federação, também ocupou o cargo de diretora da Associação dos Técnicos em Enfermagem de São Gabriel da Cachoeira (Atesg).

Servidora efetiva

Atualmente, a técnica de enfermagem trabalhava no Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira (HGu) como servidora efetiva da prefeitura da cidade. “Deixa seu legado e saudades a seus familiares e amigos. A Foirn se solidariza com os familiares nesse momento de dor e agradece a dedicação da senhora Rosilda por seu trabalho na área de saúde prestado ao município e aos povos indígenas”, escreveu a Foirn.

A prefeitura de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus) também lamentou o falecimento da profissional. “Rosilda, 48 anos, técnica de enfermagem, atuou nas unidades de saúde do bairro Dabaru, Praia e Areal, era conhecida entre os colegas como uma pessoa paciente e atenciosa”, diz trecho da nota.

Covid-19 na Amazônia Legal

De acordo com os dados da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), divulgados nesse domingo, 7, pelas redes sociais da entidade, a Covid-19 já infectou 34.135 indígenas na Amazônia Legal, sendo 770 mortes confirmadas pela doença.

No total, 142 povos foram atingidos pela pandemia, sendo 38 do Amazonas e 28 do Pará. Somente no Amazonas, há 8.532 indígenas infectados. Desses, 246 vieram a óbito. O Estado do Pará, o segundo com mais casos de diagnosticados pelo novo coronavírus, aparece com 6.372, sendo 101 mortes. Roraima, o terceiro em casos confirmados com 5.351 registros, também tem 101 falecimentos.

Apesar de ser o quarto em casos confirmados pela Covid-19, com 4.481 já infectados pela doença, Mato Grosso é o segundo na lista de mortes: são 150 óbitos pelo novo coronavírus. Os 770 falecimentos foram em 107 povos, sendo que 246 em 26 povos do Amazonas.

Os dados da entidade foram atualizados na última quinta-feira, 4, e considera os boletins informativos e as notas de falecimento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde (MS), informações de lideranças, profissionais de saúde indígena e as organizações da Rede Coiab.

Veja os dados da Coiab na íntegra:

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