Indígenas alertam sobre impactos da BR-319: ‘Território destruído’


Por: Ana Pastana

13 de março de 2025
Indígena mostra destruição da floresta no entorno da BR-319 (Luiz André Nascimento/Revista Cenarium)
Indígena mostra destruição da floresta no entorno da BR-319 (Luiz André Nascimento/Revista Cenarium)

MANAUS (AM) – Indígenas de aldeias do Lago Capanã Grande, no entorno da BR-319, afirmaram à CENARIUM que os povos da localidade vivem um luto e estão preocupados com o destino das comunidades, diante do avanço das obras na rodovia. As declarações constam na reportagem “Amazônia à venda? BR-319: narrativas, negócios e poder“, publicada nesta semana.

Hoje, o Capanã vive um luto”, afirmou. “O nosso território está sendo muito acabado, com muitos castanhais destruídos. Hoje, a gente vem sofrendo com nossos peixes, com nossas caças, com nossas águas, com nossas cabeceiras de igarapé que estão todas aterradas pelos grileiros. E também a população vem sofrendo muito com diarreia, febre, vômito. Aumentou essas coisas, entendeu?”.

Relato de indígena do entorno da BR-319 à CENARIUM (Luiz André Nascimento/CENARIUM)

Outro indígena, da mesma localidade nas margens do Lago Capanã Grande, que também não quis ser identificado, afirmou à reportagem que ao contrário do que se afirma na mídia, a rodovia não trará nenhum benefício para os povos originários da região e que os impactos já são sentidos. A destruição de castanhais e as doenças causadas pela degradação dos territórios são exemplos.

Os castanhais que a gente tinha lá, que era de onde a gente usufruía, tirava o fruto para comprar nossos alimentos, praticamente já acabaram todos. São 16 castanhais que já acabaram todos com derrubada. Tem campo lá que a gente não enxerga o fim. Então, a questão da BR-319, ela nunca vai trazer futuro para nós, todo tempo é prejuízo”, disse.

Relato de indígena do entorno da BR-319 à CENARIUM (Luiz André Nascimento/CENARIUM)

A nova edição da revista física mostra como Organizações Não Governamentais (ONGs) e instituições, financiadas pela Gordon and Betty Moore Foundation (GBMF), buscam controlar as narrativas sobre a BR-319 por meio de projetos de governança com o objetivo de obterem mais poder nas decisões sobre a estrada do que o próprio Estado.

Leia mais: Amazônia à venda? BR-319: narrativas, negócios e poder

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