Indígenas comemoram anulação de concessões para exploração mineral em Tucuruí, no Pará


27 de janeiro de 2022
Indígenas comemoram anulação de concessões para exploração mineral em Tucuruí, no Pará
Pará lidera mineração em Terras Indígenas. (Divulgação)

Luís Henrique Oliveira – Da Revista Cenarium

MANAUS – Após o Tribunal Regional Federal anular todas as concessões para exploração mineral em terras indígenas em Tucuruí, no Pará, lideranças indígenas falaram à CENARIUM nesta quinta-feira, 27, que a decisão é vista como uma vitória.

Para o cacique da aldeia Cujubim e atual presidente dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena (Condisi) de Altamira, Leo Xipaya, a decisão é importante para todos os povos indígenas. “Nós, como defensores das terras originárias, não concordamos com essa ação de mineração. Sabemos que, para o governo federal, isso tem aumentado muito, mas isso nos preocupa. Por isso, entendemos que isso é uma vitória”, disse.

“Eu acredito que toda e qualquer decisão que tenha alguma terra indígena na mira, essa decisão deva ser feita em conversa, em acordo com os próprios indígenas”, completa o líder indígena.

Anulação

Segundo o material divulgado pela Agência Brasil, a Agência Nacional de Mineração também está proibida de conceder novas autorizações para qualquer forma de exploração de minério na região que abrange as terras indígenas Parakanã, Trocará e redondezas. No julgamento, o relator do processo, desembargador federal Souza Prudente, atendeu ao pedido do Ministério Público Federal de anular as concessões.

Ele argumentou que qualquer atividade de exploração de minério é ilegal em terras indígenas. E ainda reforçou que, mesmo que a atividade fosse legal, haveria necessidade de licenciamento ambiental e consulta prévia, livre e informada das comunidades indígenas e tradicionais ocupantes das áreas e da proximidade.

Além de atividades de mineração dentro das terras indígenas, fica proibida qualquer exploração fora dessas terras indígenas que tenha potencial de impactá-la.

A decisão atende também o Ministério Público Federal considerando como terra indígena, inclusive aquelas que ainda estão no processo de demarcação.

Levantamento

Apurações feitas pelo El País mostram que é no Pará onde está a maioria dos processos minerários em terras indígenas que avançaram no primeiro ano de Bolsonaro. A Terra Indígena Kayapó é a que mais enfrenta processos sobre suas terras no período. Em seguida, está a terra Sawré Muybu, dos Munduruku, também no Pará.

Segundo a publicação, o território Sawré é justamente a área indígena mais afetada por processos minerários na década: mais de 14% de todos os requerimentos que passaram por áreas indígenas na Amazônia afetam a terra. Foram 97 processos visando sobretudo jazidas de ouro, cobre e diamante, e, em menor quantidade, de cassiterita e extração de cascalho.

Após o Pará, são os Estados de Mato Grosso e Roraima que mais concentram processos em terras indígenas durante o primeiro ano do Governo Bolsonaro.

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