Indígenas denunciam aumento de invasões de grileiros em território Guajajara

Segundo moradores, grileiros estão invadindo a terra, homologada desde 2008, para lotear e vender terrenos que chegam a custar R$ 5 mil. (Eduardo Anizelli/Folha)

Carolina Givoni – Da Revista Cenarium*

MANAUS – Indígenas da Terra Indígena (TI) Bacurizinho, localizada no município de Grajaú, no Maranhão denunciam a expulsão de famílias do povo Guajajara. Segundo moradores, grileiros estão invadindo a terra homologada desde 2008 para lotear e vender terrenos que chegam a custar R$ 5 mil.

A ação violenta ocorrida em plena pandemia da Covid-19 ameaça mais de 5 mil indígenas que vivem na região, em 106 aldeias. A área mais afetada está nas proximidades da aldeia Kwaxi Kamihaw, uma das comunidades mais antigas do povo Guajajara e que está localizada às margens do rio Mearim.

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De acordo com lideranças locais, todos os crimes cometidos pelos invasores estão sendo comunicados às autoridades policiais locais, inclusive a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Invasões

Nas últimas duas semanas, as ameaças na região da proximidade da aldeia Kwaxi Kamihaw têm se intensificado. Denúncias afirma que cerca de 50 pessoas armadas invadiram a comunidade e se alojaram em uma área próxima do território, e que durante a noite disparam tiros sobre as casas dos indígenas como forma de intimidação.

Além das violências de grileiros e das ameaças da pandemia, os Guajajara da TI Bacurizinho sofrem com a pressão e devastações de fazendas de soja, gado, empresas carvoeiras e arrozais.

Histórico de violências

Em menos de um ano, cinco lideranças indígenas foram assassinadas, no Estado, todas do povo Guajajara. Eram caciques e lideranças que guerreiros lutavam pelo direito constitucional ao território e à vida de seu povo.

Na aldeia Kwaxi Kamihaw, onde os ataques de grileiros estão acontecendo neste momento, o cacique João Araújo Guajajara foi assassinado, no ano de 2005. Fatos que comprovam um revoltante histórico de violências que permanecem até os dias de hoje sem justiça.

Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o povo Guajajara é um dos povos com os maiores índices de mortes por Covid-19 no Brasil. Nos levantamentos realizados pela entidade, mais de 1 mil indígenas foram infectados, com acúmulo de 37 óbitos.

Até o fechamento da matéria, a Funai não havia se manifestado sobre o caso.

(*) Com informações da Apib

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