Indígenas fecham rodovia em MS após morte de liderança por atropelamento
31 de julho de 2024

Isabella Rabelo – Da Cenarium
MANAUS (AM) – Indígenas da etnia Guarani Kaiowá, moradores de uma região do município de Dourados (MS), a 198 quilômetros de Campo Grande, realizaram o velório do corpo de Catalino Guarani Kaiowá em meio a uma rodovia que margeia a aldeia Bororó. O homem, de 49 anos, foi morto nessa terça-feira, 30, após ser atropelado por um carro.
De acordo com vídeos que repercutiram nas redes sociais, o ato teria sido realizado como forma de protesto pela negligência das autoridades governamentais com a segurança e infraestrutura da região. Segundo relatos de membros da comunidade local, os acidentes nessa via são frequentes.
“Esse protesto é por conta da indignação por tanta negação dos direitos indígenas. Os indígenas são mortos, saqueados, enganados, e as autoridades não dão a mínima. Falta água, falta alimento, e agora, como se não bastasse, os acidentes constantes nessa BR”, declarou uma das lideranças em um dos vídeos.
Assista ao vídeo:
Ainda segundo a liderança, não identificada, a rodovia é a que mais causa mortes ao povo originário que mora na região. Ele afirma que já foram cobradas ciclovias e redutores de velocidade dos veículos, porém não houve ação do Estado para a solução das demandas.
“Essa é a BR que mais causa mortes ao nosso povo, e ninguém nunca fez nada. Nós cobramos passarelas, ciclovias, redutores de velocidade, proteção ao povo originário. Além de invadirem nosso espaço territorial, ainda acontecem todas essas mortes”, continuou.
O acidente ocorreu no anel viário que liga a BR-163 à BR-463 (Dourados- Ponta Porã), à rodovia MS-156, (Dourados-Itaporã), e à Avenida Guaicurus (acesso ao aeroporto).
Conflito
No dia 22 de julho, fazendeiros do município se reuniram durante o período noturno para atacar os indígenas do povo Guarani Kaiowá, conforme mostra vídeo que circulou nas redes sociais.
Os conflitos ocorrem devido a disputas de posse, ocupação e exploração do território. A Grande Assembleia Guarani Kaiowá vem denunciando os ataques de fazendeiros da região que, “em bandos”, invadiram a comunidade.
A área em conflito é chamada de Panambi-Lagoa Rica e já foi delimitada e reconhecida pela União como território ancestral dos povos originários. Os produtores rurais alegam serem proprietários legais da área utilizada para a produção de commodities no ramo da agricultura.