Indígenas ficam feridos após serem atingidos por tiros em ação policial no MS
Por: Mari Furtado
19 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – Pelo menos 11 indígenas Guarani e Kaiowá ficaram feridos após serem atingidos por balas de borracha durante operação policial em uma área de retomada em Caarapó, no Mato Grosso do Sul, na manhã de sexta-feira, 17.
Entre os feridos está Valdelice Veron, uma das principais lideranças da etnia no Estado. Segundo relatos da comunidade Guyraroká, a indígena foi atingida na barriga e no peito, recebeu atendimento no local e retornou à área após ser medicada.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informou que os disparos partiram da Tropa de Choque da Polícia Militar, durante a “Operação Campo Seguro”. Em nota, a corporação afirmou que a ação teve o objetivo de “restaurar a ordem pública” após registro de boletim de ocorrência sobre um grupo de indígenas armado ocupando a área.
A Polícia Militar do Mato Grosso do Sul (PM-MS) declarou, ainda, que utilizou “meios não letais, como agentes químicos e elastômeros”, após as viaturas terem sido atacadas, e que duas armas de fogo foram apreendidas.
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) disse que acompanha o caso, em articulação com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e que repudia qualquer ato de violência contra os povos originários.
Guyraroká
A comunidade Guyraroká retomou a área da fazenda Ipuitã em setembro, pedindo o fim da pulverização de agrotóxicos sobre a terra e a demarcação do território. O processo está parado no Supremo Tribunal Federal desde 2016, quando uma decisão que reconhecia a área como indígena foi revertida. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) já concedeu medidas de proteção à comunidade, considerando que o grupo vive sob risco de violência e ameaças ligadas a disputas fundiárias.