Indígenas são principais vítimas em conflitos de terra, aponta CPT


Por: Ana Pastana

10 de maio de 2025
Indígenas são principais vítimas em conflitos de terra, aponta CPT
Apresentação dos Conflitos no Campo em 2024, em Manaus (Ricardo Oliveira/Cenarium)

MANAUS (AM) – O Brasil registrou o segundo maior número de conflitos no campo da série histórica em 2024, com 2.185 casos, ficando atrás somente do ano de 2023, com 2.250. As principais vítimas são os indígenas, segundo dados do “Conflitos no Campo Brasil 2024”, divulgados nesta sexta-feira, 9, pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Manaus.

De acordo com o levantamento, o número de assassinatos caiu em 2024, com 13 vítimas registradas; em 2023 foram 31 casos. Em relação às tentativas de assassinato, os números apontados foram a terceira maior forma de violência praticada contra as comunidades e povos do campo, com 103 ocorrências, só no ano de 2024.

Amazonas

No Amazonas, os conflitos no campo somaram 132 conflitos e nenhum registro de morte. De acordo com o membro do CPT Jorge Barros, houve um aumento significativo. “No Amazonas, não tivemos mortes registradas, porém os conflitos aumentaram. O Médio e Baixo Amazonas, e o Sul do Amazonas são as duas regiões que têm o maior índice dessas violências”, declarou.

Membro do CPT, Jorge Barros apresentou números de conflitos de terra (Ricardo Oliveira/Cenarium)

O município de Lábrea, a 702 quilômetros de Manaus, registrou cinco tentativas de assassinato em 2024, de acordo com a CPT. Em relação a ameaças de morte, os municípios de Humaitá (1), Lábrea (7) e Nova Olinda do Norte (2) registraram dez casos no total.

Em relação à violência contra a ocupação e posse em 2024, o Estado amazonense registrou 119 ocorrências. Os dados apontam ainda que 24.518 famílias foram afetadas, sendo que 250 famílias foram expulsas de territórios ou das casas onde residiam. Cerca de 289 famílias também tiveram casas destruídas e 10.600 foram alvos de invasão, segundo o CPT.

O caderno também faz um levantamento sobre trabalho escravo no Brasil. De acordo com os dados, em comparação ao ano de 2023 (2.663), o ano de 2024 registrou uma queda de 40%, o equivalente a 1.622 casos. No Amazonas, a CPT aponta 103 casos de trabalho análogo à escravidão na região. Desmatamento ilegal e garimpo são as áreas que mais escravizam pessoas.

Trabalhadores do MST (Cristiano Mariz/MST)
Metodologia da pesquisa

Os registros são feitos por meio de pesquisas primárias e secundárias. A CPT busca fontes de informações para construir bancos de dados, como relatos e informações obtidas com os agentes de base da comissão. Além de agentes, são utilizadas fontes como documentos oficiais, denúncias de pessoas envolvidas relatadas em veículos de comunicação, redes sociais, cartas assinadas, boletins de ocorrência (BOs), entre outros meios.

Conteúdos publicados em meios de comunicação também são fontes de pesquisa para a CPT, como revistas, televisão, rádio, podcasts, YouTube e outros. O objetivo é processar, sistematizar e analisar dados, transformando registros de denúncias em violações de direitos cometidas contra povos originários, quilombolas e povos tradicionais.

Leia também: Especialistas debatem direitos e desafios de indígenas em faculdade de Manaus
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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