Indígenas Turiwara denunciam ataques armados por seguranças da empresa Agropalma no Pará
22 de agosto de 2024
Indígenas em conflito com seguranças da Agropalma (Reprodução)
Fabyo Cruz – Da Cenarium*
BELÉM (PA) – Nesta quinta-feira, 22, indígenas da etnia Turiwara denunciaram à CENARIUM que estão sendo alvo de ataques armados por seguranças da empresa Agropalma no município de Tailândia, no Nordeste do Pará. A situação tem gerado medo entre as mulheres e crianças da comunidade, que temem ser atingidas pelos disparos.
Os indígenas pedem a intervenção urgente de um órgão federal para mediar a situação e garantir a segurança da comunidade. “Cada vez mais está chegando mais segurança. A maioria da nossa galera aqui não está com muita coragem, então algumas crianças que até atingiram já foram. Precisamos que algum órgão federal venha conversar com a gente e afastar esses seguranças”, relatou uma liderança indígena que preferiu não se identificar.
Segundo o relato, os seguranças da Agropalma estão fortemente armados e intimidando os moradores da aldeia. “Eles estão com todo o armamento aqui. Agora chegou um carro com uma mochila cheia de pistolas, deixaram aqui e foram embora”, detalhou a liderança. Veja vídeo do conflito.
Indígenas enviaram imagens do conflito à CENARIUM (Reprodução/Arquivo pessoal)
A tensão na área vem crescendo e os Turiwara temem que a situação se agrave ainda mais. A comunidade aguarda uma resposta rápida das autoridades para que o conflito não resulte em tragédia.
‘Guerra do dendê’
A empresa Agropalma, uma das maiores produtoras de óleo de palma no Brasil, já esteve envolvida em outros episódios de tensões com comunidades indígenas. A atuação de seguranças privados armados tem sido uma prática recorrente em áreas de conflito, o que agrava a violência e a vulnerabilidade das comunidades locais.
No dia 10 de novembro de 2023, Agnaldo da Silva, um indígena da etnia Turiwara, foi morto dentro da área que a Agropalma afirma ser de sua propriedade, de acordo com a denúncia feita pelo grupo de indígenas do qual Agnaldo pertencia. Na ocasião, o Ministério Público Federal (MPF) informou que, ao ser alertado sobre a situação, solicitou à Polícia Federal (PF) a abertura de um inquérito policial para investigar a morte do indígena.
Complexo industrial da Agropalma (Reprodução/Agropalma)
“Guerra do dendê” é a expressão usada para se referir ao conflito territorial entre comunidades tradicionais e uma empresa do setor de óleo de palma, que tem impactado a região. No Pará, as plantações de palma, utilizadas para a produção de óleo de dendê, são palco de enfrentamentos recorrentes entre empresas produtoras e comunidades indígenas e quilombolas. Essas disputas incluem acusações de grilagem, intimidações a lideranças locais e até a presença de cartórios-fantasma.
Leia nota da Agropalma na íntegra:
“Na tarde do dia 19 de agosto, um grupo de cerca de 25 pessoas invadiu a área da Agropalma, em Tailândia, no Pará. Entre os invasores foram identificados membros da Associação dos Remanescentes de Quilombos da Comunidade da Balsa, Turiaçu, Gonçalves e Vila Palmares do Vale do Acará (Arqva).
Munidos de armas de fogo, paus, motosserras, facões e foices – e mediante grave ameaça – o grupo promoveu barricadas com árvores nativas derrubadas por eles para evitar aproximação e manter o isolamento.
Contudo, neste dia 22/8, os invasores, que agora já somam aproximadamente 40 pessoas, começaram a tentar ampliar a área invadida, com o objetivo de avançar o movimento, no que foram contidos pela segurança patrimonial da empresa. O intuito da companhia foi o de proteger mais de 700 funcionários que ali se encontram, pois se trata de área de plantio e de atividade de trabalho destes colaboradores. Além da área de produção, também foram afetadas áreas de reserva florestal, que a Agropalma tem o dever legal de proteger. Não houve uso de balas de festim, borracha, ou de qualquer tipo de arma de fogo nesta atividade.
A Agropalma já está tomando as medidas judiciais cabíveis para proteger sua posse e aguarda decisão quanto aos seus pleitos de reintegração e retirada dos invasores”
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