Índios Huni Kuin produzem próprias máscaras e garantem sustento durante a pandemia: ‘cultura e tradição’

Foto: Maria do Socorro Hunikuin/Arquivo pessoal

Da Revista Cenarium*

RIO BRANCO – Resgatar a cultura, manter a tradição e gerar renda. Foi pensando nisso que um grupo de mulheres indígenas resolveu fabricar as próprias máscaras para se proteger da Covid-19 e também ajudar na economia local. As informações são do Portal G1.

São pelo menos 20 índias que moram na Aldeia Mibãya, na Terra Indígena da Praia do Carapanã, que fica a três horas do município de Tarauacá, no Acre, pelo rio de mesmo nome, que produzem as máscaras. A terra indígena é composta por cinco aldeias e tem aproximadamente 5 mil indígenas.

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Uma das idealizadoras do projeto, Maria do Socorro Hunikuin, diz que no início a ideia era fabricar as máscaras apenas para proteção da comunidade.

“A gente está fabricando desde que a pandemia começou. Como a máscara que a gente compra é um pouco cara, nem todo mundo tem dinheiro, então, a gente resolveu fazer a nossa própria máscara”, explica.

Com a comunidade protegida, Maria conta que agora elas fabricam as máscaras para vender e garantir o sustento dos povos.

“Vendemos por encomenda, é uma forma de melhorar nossa renda, mostrar nosso trabalho, dar continuidade à nossa cultura e tradição. Queremos mostrar para as pessoas que a gente é capaz de produzir a nossa própria máscara, então, a gente não espera por ninguém. Assim, todas as mulheres estão trabalhando”, fala.

Fabricação, renda e divulgação

Maria explica o processo de fabricação das máscaras é todo artesanal. No total, as índias ficam de dois a três dias tecendo o material até que toda a arte ganhe forma.

“Usamos linha de algodão e os desenhos são feitos por nós mesmas. Demora porque é um trabalho de tecelagem à mão, é muito cuidado, um trabalho minucioso”, afirma.

Foto: Maria do Socorro Hunikuin/Arquivo pessoal

A indígena diz que o material é comprado na cidade, no município de Tarauacá, e levado para a aldeia. “A gente já compra a linha colorida, linha artificial, mas, quando não tem, na aldeia tem como a gente tingir a linha com urucum e açafrão.”

Em relação ao preço, a artesã afirma que cada máscara é vendida por R$ 50 e que após serem fabricadas na aldeia eles levam para a cidade e enviam pelo Correio. Sobre o valor cobrado, Maria diz que, além do processo ser lento e trabalhoso, a matéria prima não é tão barata.

“Tem a linha que a gente usa que é um pouco cara, custa R$18, R$19 e para fazer demora, porque tem todo o processo de tecer, fazer o desenho e costurar. Já enviamos várias para alguns estados, um deles é o Rio de Janeiro, temos uma parceira lá que ajuda a gente a divulgar. A última vez enviamos 32 máscaras”, diz.

Sobre a divulgação dentro e fora do estado, além da parceira que mora no Rio de Janeiro, a indígena administra uma conta no Facebook e outra no Instagram, com o nome de ‘Artesanato Huni Kuin’, onde expõe todos os trabalhos feitos pelas índias.

“Além das máscaras, fabricamos bolsas, vestidos, tiaras, pulseiras e tudo mais que as pessoas encomendarem. Isso ajuda muito na nossa renda para a gente se sustentar. Também é uma maneira de mostrar para as pessoas nosso trabalho”, finaliza

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