Indústria do AM sofre maior queda do País com retração de 14,4% em julho, diz IBGE
09 de setembro de 2021
A queda quebrou uma série de quatro meses seguidos de alta no indicador (CNI/José Paulo Lacerda)
Bruno Pacheco – Da Cenarium
MANAUS – A produção industrial do Amazonas sofreu a maior queda do País na passagem de junho para julho deste ano, com uma retração de 14,4%. Segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM Regional), divulgados nesta quinta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a baixa foi ocasionada pela contração na produção de diversas atividades do Polo Industrial de Manaus (PIM), como na impressão e reprodução de gravações (-65,3%) e a fabricação de bebidas (-18,6).
A queda ocorreu depois de uma alta de 6,7% no mês anterior. Em comparação com julho de 2020, quando havia mais impactos da pandemia influenciando a produção e o consumo, também houve retração de 8,1%, segundo o instituto. O levantamento mostra também que a retração em São Paulo (-2,9%) foi a segunda maior, mas a primeira em influência no resultado, por conta do peso da indústria paulista na produção nacional. Em todo o País, a produção caiu 1,3%, conforme divulgado pelo IBGE na semana passada.
Indústria do AM sofre queda de 14,4%, em julho (Divulgação/IBGE)
De acordo com o supervisor de Disseminação de Informações, Adjalma Nogueira, a queda na produção industrial de julho quebrou uma série de quatro meses seguidos de alta no indicador para o Amazonas. Essa ocorrência afetou outros Estados, mas o Amazonas foi o que mais caiu, observa Nogueira.
“Até mesmo na comparação com julho do ano passado, houve uma queda significativa, o que de certa forma nos surpreende, à medida de que naquele ano as ocorrências da pandemia afetavam diretamente na produção industrial local. A queda na produção afetou seis das dez atividades da indústria local. Bebidas, xaropes, impressão, gravações foram as mais afetadas. Felizmente, fabricação de borracha e plástico, máquinas e equipamentos salvaram o mês de julho”, destacou o supervisor.
O analista da pesquisa Bernardo Almeida afirma que o mês de julho demonstra o retrato da indústria regional que já era visto antes da pandemia. “Com o avanço da vacinação e uma maior circulação de pessoas, a indústria começa a mostrar sua realidade pré-pandemia, mas com condições que se acentuaram, como o desemprego e a inflação”, afirma Bernardo ao IBGE.
Segmentos
De acordo com a pesquisa do IBGE, sete atividades industriais do Amazonas empurraram a queda na produção. Além dos setores de Impressão e reprodução de gravações e a Fabricação de bebidas, a retração foi registrada nas esferas de: fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-11,4%), indústria da transformação (-8,5%), fabricação de máquinas e equipamentos e materiais elétricos (-1,4%) e outros equipamentos de transportes (-0,3%) (motocicletas e peças).
Produção Industrial do Amazonas – Seções e Atividades Industriais
Variação
Impressão e reprodução de gravações
-65,3%
Fabricação de bebidas
-18,6%
Faricação de equipamentos de informática e eletrônicos
-12,1%
Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis
-11,4%
Indústria da transformação
-8,5%
Fabricação de máquinas e equipamentos e materiais elétricos
-1,4%
Outros equipamentos de transportes (motocicletas e suas peças)
-0,3%
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Ainda segundo o estudo, algumas atividades industriais do Estado apresentaram alta na produção, o que não foi suficiente para o resultado negativo ao calcular a média da pesquisa. Entre as que tiveram retração, estão a Fabricação de produtos de borracha (67,1%), a Fabricação de máquinas e equipamentos (57,7%), a Fabricação de produtos de metal (2,2%) e a Indústria extrativa (0,7%).
No acumulado do ano, no período de janeiro a julho de 2021, a indústria amazonense registrou uma alta de 20,8% na produção, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Segundo o IBGE, no mesmo intervalo de tempo, a alta no desempenho da indústria foi de 11,0% em nível nacional e o desempenho dos últimos 12 meses, no Estado, registrou alta de 14,9%, contra 7,0% de alta no desempenho nacional.
“No acumulado do ano, ainda há um boom de 21%, mas ainda temos cinco meses até o final do ano. A média móvel ficou bastante afetada com a forte queda de juros, por isso, a tendência para o próximo mês é de um desempenho fraco ou até mesmo uma queda”, declarou o supervisor de Disseminação de Informações do IBGE no Amazonas, Adjalma Nogueira
Federações
A queda afetou sete dos 15 locais analisados pela pesquisa. Além do Amazonas e São Paulo, o pior desempenho na produção industrial foi registrado em Minas Gerais, com queda de -2,6%. Os Estados da Bahia (6,7%), Espírito Santo (3,7%) e Paraná (3,3%) apresentaram as maiores altas para o mês de julho.
A queda na produção da indústria amazonense (-14,4%), em julho, frente a junho, foi a maior entre as unidades da federação, no período. Os piores desempenhos foram os do Amazonas (-14,4%), São Paulo (-2,9%) e Minas Gerais (-2,6%); e os melhores, os de Santa Catarina (23,1%), Ceará (20,9%) e Amazonas (20,8%).
Economia concentrada
Para o economista Wallace Meirelles, com o Amazonas tendo uma economia concentrada e dependente do Polo Industrial de Manaus (PIM), é evidente que se a demanda da indústria nacional apresenta uma queda, também há queda na produção e aumento do desemprego. Segundo ele, 80% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado está em Manaus.
“É um percentual enorme de dependência do Polo Industrial e sabendo que também essa relação do setor industrial do Amazonas representa 8% do PIB industrial brasileiro e é razoável para uma economia como a nossa. É evidente que se a demanda nacional cai, e nós estamos muito presos ao mercado interno, a economia vai mostrar isso com a queda na produção e aumento do desemprego”, pontuou.
Meirelles chama a atenção da falta de políticas públicas e dos problemas logísticos no interior do Amazonas, que são uma entrave para o desenvolvimento econômico do Estado. “Estamos precisando de planejamento para voltarmos a restabelecer o mercado de trabalho, reduzirmos a capacidade ociosa da economia, a grande demanda agregada do País que vêm desacelerando, que são impactos direto nas indústrias, principalmente na nossa”, finalizou.
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