Inflação é a maior para novembro desde 2015 e chega a quase 11% em 12 meses

Campanha em São Paulo critica alta de preços e governo federal - Marlene Bergamo - 2.mar.2021/Folhapress

Com informações da Folha de S. Paulo

A inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), teve variação de 0,95% em novembro. É a maior taxa para o mês desde 2015 (1,01%), apontou nesta sexta-feira, 10, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mesmo assim, o resultado veio abaixo das previsões do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 1,10% no mês passado. O resultado representa uma desaceleração frente a outubro, quando a alta do IPCA havia sido ainda maior, de 1,25%.

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A inflação acumulada em 12 meses se aproxima de 11%. Com a marca de novembro, chegou a 10,74% —estava em 10,67% antes. É o maior acumulado desde novembro de 2003 (11,02%).

O IPCA está distante do teto da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) em 12 meses. O teto é de 5,25% em 2021. O centro é de 3,75%.

Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta de preços em novembro. A maior variação (3,35%) e o maior impacto (0,72 ponto percentual) vieram dos transportes.

O grupo foi influenciado pelos preços dos combustíveis, especialmente da gasolina (7,38%). O item teve, mais uma vez, o maior impacto individual no índice do mês (0,46 ponto percentual). Também houve altas nos preços do etanol (10,53%), do óleo diesel (7,48%) e do gás veicular (4,30%).

Com o resultado de novembro, a gasolina acumula, em 12 meses, avanço de 50,78%. O etanol registra alta de 69,40%. O diesel subiu 49,56%.

Em habitação (1,03%), segundo maior impacto (0,17 ponto percentual) entre os grupos no índice geral, o resultado ficou próximo ao do mês anterior (1,04%). Foi pressionado, novamente, pela energia elétrica (1,24%).

Efeito da Black Friday

Os grupos que registraram queda de preços em novembro foram saúde e cuidados pessoais (-0,57%) e alimentação e bebidas (-0,04%). No segundo caso, o IBGE associou o resultado à alimentação fora do domicílio (-0,25%), influenciada pelo lanche (-3,37%).

“A Black Friday ajuda a explicar a queda tanto no lanche quanto nos itens de higiene pessoal. Observamos várias promoções de lanches, principalmente nas redes de fast-food no período. E, no caso dos itens de higiene pessoal, várias marcas nacionais deram descontos nos preços dos produtos em novembro”, explicou o analista do IBGE Pedro Kislanov, gerente do IPCA.

“No Brasil, diferente de outros países, os descontos não são centrados em um único dia. Os descontos acabam sendo dados ao longo do mês”, completou.

Preocupação para 2022

Segundo analistas, os preços em nível elevado também representam uma preocupação para 2022.

A pressão inflacionária, aliada a juros maiores, vem reduzindo projeções de crescimento econômico no próximo ano. Os dois fatores, em conjunto, dificultam o consumo das famílias, motor do PIB (Produto Interno Bruto), que dá sinais de estagnação no Brasil.

A escalada inflacionária ganhou corpo no país ao longo da pandemia. Em um primeiro momento, houve disparada de preços de alimentos e, em seguida, de combustíveis.

A alta do dólar em meio a turbulências políticas no Brasil e o avanço das commodities agrícolas e do petróleo no mercado internacional ajudam a explicar o comportamento desses preços.

Em 2021, houve um ingrediente adicional: a crise hídrica. A escassez de chuva elevou os custos de geração de energia elétrica, ampliando o uso de usinas térmicas, que são mais caras. O reflexo foi a conta de luz mais alta nos lares brasileiros.

Em uma tentativa de frear a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) vem subindo a taxa básica de juros, a Selic. Na quarta-feira, 8, o colegiado aumentou a taxa em 1,5 ponto percentual, a 9,25% ao ano.

O mercado financeiro projeta IPCA de 10,18% no acumulado de 12 meses até dezembro de 2021, de acordo com a mediana do boletim Focus, divulgado na segunda-feira, 6, pelo BC.

Para 2022, a projeção é de 5,02%, acima do teto da meta de inflação do próximo ano, de 5%. Ou seja, seria o segundo ano consecutivo de estouro da meta.

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