Inflação em 10,06% é a maior desde o governo Dilma; Presidente do Bacen teve que explicar estouro da meta

Não se via inflação superior a 10% no Brasil desde 2015 (Marcello Casal-Agência Brasil)

Nauzila Campos – Da Revista Cenarium

MANAUS — O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira, 11, o acumulado da inflação em 2021. O índice é o maior desde 2015: 10,06%. Naquele ano, a inflação chegou a 10,67%, no governo Dilma. O número está muito acima da meta estabelecida pelo Banco Central para 2021, de 3,75% com margem de erro de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (2,25% ou 5,25%).

O quase recorde foi alcançado mesmo com um dezembro de desaceleração do IPCA, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo — que mede a inflação. Considerando apenas a variação mensal, a subida foi de 0,73% — enquanto em novembro foi de 0,95%.

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Veja também: Política econômica impede queda da inflação em 2022: ‘Tendência é de elevação por falta de boas perspectivas’

E mesmo após o segundo semestre, quando os especialistas já acompanhavam a subida até então inesperada da inflação, a expectativa estabelecida não passava de 9,97% (Reuters). A projeção do Banco Central era pouco menos otimista: o último Boletim Focus esperou que 2021 fechasse com IPCA em 9,99%.

Justificativa

A lei obriga o presidente do Banco Central a justificar os motivos pelos quais a meta anual de inflação foi descumprida. Por meio de carta aberta, Roberto Oliveira Campos Neto, presidente do Bacen, explica-se ao ministro da Economia e presidente do Conselho Monetário Nacional, Paulo Guedes. A carta foi publicada nesta terça-feira, 11, com 14 páginas, e coloca como fatores de inflação em 2021 a “forte elevação dos preços de bens transacionáveis em moeda local, em especial os preços de commodities; bandeira de energia elétrica de escassez hídrica e desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos”, além de gargalos nas cadeiras produtivas globais e as mudanças no padrão de consumo causadas pela pandemia, impulsionadas por políticas ‘expansionistas’ – ou seja, exportando mais do que produzindo para dentro de casa.

A carta diz, ainda, que o aumento da inflação é um problema global. Ao final do texto, o presidente do Bacen busca como solução mais uma elevação de juros, pela taxa Selic, que já está em alta (9,25%).

Para 2022, o Banco Central não busca uma perspectiva tão baixa quanto o fez em 2021, quando estabeleceu 3,75% como meta. Dessa vez, a projeção do Focus é que a inflação encerre o ano em 5,03%, em um projeto com bastante confiança diante do cenário econômico ainda instável.

Confira na íntegra a carta do Banco Central em justificativa à alta inflação aqui.

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