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Inflação em alta, comida no prato em baixa – crescimento de índices volta endurecer custo de vida na Amazônia
Essa alta também é influenciada pelo aumento dos combustíveis, que apresentou alta de 0,48%, em fevereiro (Reprodução/Internet)
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20 de abril de 2021
Carolina Givoni – Da Revista Cenarium
MANAUS – Levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) mostra que o Índice Nacional de Preços ao Con-sumidor (IPCA-15) acelerou 0,93%, em março desse ano. O aumento, considerado por especialistas como a prévia da inflação oficial, tem preocupado consumidores e o mercado regional, que, em alguns Estados, enfrenta barreiras como o isolamento geo-gráfico. Está cada vez mais difícil garantir a cesta básica.
Em termos práticos, a inflação atual de 2,21% – que já supera os 1,24% de março de 2015 – incide diretamente no preço da cesta básica, particularmente aos residentes da região Amazônica. Em comparação aos últimos 12 meses, a alta do IPCA já soma 5,52%, pois em março de 2020 a taxa foi de 0,02%. Essa alta também é influenciada pelo aumento dos combustíveis, que apresentou alta de 0,48%, em fevereiro.
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Logística e gasolina
Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, nove grupos de produtos e serviços foram pesquisados. Destes, oito apresentaram alta neste mês, sendo o setor de transportes mais afetado, com alta de 3,79%. Isso representa um acréscimo de 0,76 pontos percentuais em relação a fevereiro, com 1,11%.
Os “vilões”, mais uma vez, são os combustíveis, que detêm juntos 11,63% de aumento. Individualmente, a gasolina detém um crescimento médio de 11,18%, fechando o mês de março com 0,56% a mais, em seu nono aumento consecutivo. O etanol também apresentou alta de 16,38%, bem como o óleo diesel com 10,66% e o gás veicular com 0,39%.
Cesta básica
O preço da cesta básica é monitorado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). A pesquisa divulgada no dia 5 de março apontou que, nos últimos 12 meses, ou seja, entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, o preço do conjunto de alimentos básicos teve alta em todas as capitais onde a pesquisa é realizada.
A consequente subida da inflação e dos combustíveis também foi destaque da pesquisa EXAME/IDEIA, em fevereiro de 2021, que mostrou que 95% da população já sentiu os reflexos da alta de preços de maneira geral. Essa percepção é alta em todas as faixas salariais, sendo mais sentida no grupo dos que ganham entre um e três salários mínimos (98%).
Menos itens no carrinho
Para a aposentada de 73 anos Sônia Marília, que viveu o frenesi das remarcações de preços no supermercado em meados de 1980, quando a inflação batia a simbólica marca de 100% ao ano, diz que a pandemia de Covid-19 retoma o sentimento de incerteza vivido na época.
“Praticamente nossas economias não valiam mais nada. Você reservava uma quantia para comprar alimentos e corria o risco de não comprar mais o que pretendia com o valor nas mãos. Era assustador. O momento atual é um pouco parecido, mas a sensação de perda do poder de compra é a mesma”, compara Sônia.
“Vou ao supermercado e trago cada vez menos coisas. O salário não consegue mais cobrir as despesas, dessa forma, precisamos ser equilibristas e manter as despesas na rédea”, comenta a aposentada.
Aumento em cascata
De acordo com o economista Marcus Evangelista, o momento em que há uma flexibilização do preço dos combustíveis desfavorável ao consumidor, tem como resultado produtos e serviços cada vez mais caros. “Todos sofremos a partir do momento em que estamos comprando os produtos mais caros, principalmente, em Manaus. Tudo que é consumido aqui depende de um frete e este pode ser feito de vários modais altamente influenciados pelo preço dos combustíveis”, disse.
O economista dá dicas sobre alternativas para reduzir os impactos financeiros. “O que fazer? Procurar produtos que estejam em safra. Pois com a quantidade ofertada sendo maior, a tendência é que os preços acabem diminuindo e, assim, favorecendo seu bolso”, completa Evangelista.
“Vou ao supermercado e trago cada vez menos coisas. O salário não consegue mais cobrir as despesas” Sônia Marília, 73 anos, aposentada.
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