Inflação pressiona renda e o consumo dos mais pobres vai cair 17,7% neste ano


05 de julho de 2021
Vera Cristina Paz passou a vender marmitas depois que fechou seu restaurante, em março de 2020. (Maria Isabel Oliveira/O Globo)
Vera Cristina Paz passou a vender marmitas depois que fechou seu restaurante, em março de 2020. (Maria Isabel Oliveira/O Globo)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA E RIO – Com os preços nas alturas de itens essenciais, como alimentos, gás de cozinha e energia elétrica, a inflação que disparou em 2021 pesa mais sobre os mais pobres e tira recursos do consumo. Estudo da Tendências Consultoria estima que a renda disponível, o dinheiro que sobra após as despesas básicas, encolheu entre os que ganham menos. Nas classes D e E, a queda este ano será de 17,7%, contra uma alta de 3% na classe A. Isso significa menos dinheiro no bolso, às vésperas das eleições.

O levantamento da Tendências considera gastos essenciais as despesas com habitação, transporte, saúde e cuidados pessoais, comunicação, educação e alimentação.

— O impacto negativo no consumo é direto, já que a renda dos mais pobres vai toda para o consumo. Houve enxugamento das transferências sociais, e a retomada do mercado de trabalho está muito gradual — explica Lucas Assis, economista da consultoria.

Nas classes D e E, estão concentradas 54,7% das famílias, cuja renda é de até R$ 2.700.

Muitos itens básicos dispararam recentemente. No acumulado em 12 meses, há casos de aumentos dez vezes maiores do que a inflação oficial, que foi de 8,06% no período. O preço do óleo de soja subiu mais de 86%. Arroz, feijão-preto e açúcar cristal aumentaram 51,83%, 31,26% e 23,86%, respectivamente.

— Quanto menor o salário, maior o gasto com comida. Se sobe muito o preço, aquela família que tem renda muito baixa não com pra outra coisa que não comida — disse André Braz, coordenador das pesquisas de preço da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para Vera Cristina Paz, de 58 anos, a alta dos alimentos afeta diretamente seu trabalho. Dona de um restaurante na Zona Norte do Rio, ela teve que fechar o negócio por causa do distanciamento social. Sem renda, a cozinheira resolveu preparar quentinhas fitness, porém a inflação está corroendo seu lucro.

— Quando comecei a trabalhar com isso, em março de 2020, a lata de óleo custava menos de R$ 4, e hoje está quase R$ 8. Não aumentei o preço da quentinha porque sei que nessa pandemia está difícil para todo mundo — conta Vera, que mora com o marido, a mãe aposentada e a filha, a única com emprego formal.

Leia matéria completa na O Globo

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