Inscrição antiga lembra Egito moderno do risco de seca

Vista do rio Nilo em Assuã, no Egito 21/02/2020 (Reprodução/ REUTERS/Amr Abdallah Dalsh)

Da Revista Cenarium*

MANAUS – Uma inscrição de granito conta que, durante sete anos do reinado do antigo faraó egípcio Djoser, o Nilo não passou por seu ciclo anual de cheia, provocando uma seca e uma fome devastadoras.

Os hieróglifos da Ilha de Sehel, próxima de Assuã, no sul do Egito, têm mais de 4 mil anos de idade, mas as preocupações com o ritmo natural do Nilo, responsável por 90% da água potável do Egito, não são menos importantes hoje.

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“O Nilo não alcança seus níveis anteriores nos fluxos do inverno e do verão”, disse Abdel Hares Mohamed, morador de 52 anos de Assuã que leva turistas para passeios no rio.

Autoridades dizem que atualmente o Egito tem cerca de 570 metros cúbicos de água per capita por ano. Especialistas consideram um país carente de água se seu suprimento é de menos de mil metros cúbicos de água per capita anuais.

Especialistas culpam o crescimento populacional, a mudança climática e uma hidrelétrica gigantesca construída pela Etiópia no Nilo Azul, que autoridades egípcias dizem representar uma ameaça à sua segurança hídrica.

Já a Etiópia disse que levou as necessidades do Egito e do Sudão em conta na construção e nos preenchimentos planejados para sua Grande Represa da Renascença Etíope (Gerd).

Embora os egípcios modernos ainda possam se solidarizar com as agruras do faraó Djoser, as medidas que ele tomou para combater a seca não teriam muito apoio hoje –o antigo faraó foi instruído por Imotepe, o projetista de sua famosa Pirâmide em Degraus, a oferecer um sacrifício a Quenúbis, o deus do Nilo.

“Quando o Egito passou fome durante sete anos, ele (Djoser) instaurou um conselho… e Imotepe lhe disse: ‘temos que fazer uma oferenda a Quenúbis’”, disse o egiptólogo Zahi Hawass. “Porque Quenúbis controlava a água do Nilo.”

“O Nilo é a alma do Egito”, acrescentou.

(*) Com informações da Reuters

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