Insinuação de Bolsonaro sobre China preocupa Butantan em negociações de doses da vacina
06 de maio de 2021

Com informações do Estadão
MANAUS – O timing não poderia ter sido pior. O Butantan acompanhou estarrecido a insinuação do presidente Jair Bolsonaro de que a China fez “guerra química” com o coronavírus. Produtor da Coronavac, o instituto tem a expectativa de receber dos chineses até o dia 15 insumos para mais doses.
O Butantan entregará lotes da vacina hoje e na próxima semana, mas não há mais IFA para a sequência em larga escala da produção. Em privado, dirigentes do instituto dizem que declarações desastradas respingam na difícil negociação pelos insumos.
O Butantan solicitou 6 mil litros de IFA aos chineses, mas não há confirmação nem de datas de entrega nem de quantidade.
No ano passado, a cada declaração de Bolsonaro de que não compraria a Coronavac, dirigentes do Butantan tinham de ligar para os chineses dizendo que não era bem assim. Para que vamos mandar insumos se o presidente de vocês já disse que não quer a vacina?, questionavam os chineses. O lado brasileiro teve de ter muito jogo de cintura.
Na CPI
Bolsonaro errou no timing duas vezes porque Carlos França já tinha audiência marcada nesta quinta-feira, 6, no Senado. Interlocutores do chanceler apostam que será cobrado a explicar (sabe-se lá como) as falas do presidente.
Aliados de Bolsonaro comemoraram o fato de ele ter “dividido” as atenções do noticiário com as declarações ontem, 5. Na terça-feira, 4, o presidente ficou inconformado com a prevalência da CPI.