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Inspiradas em Marielle Franco, mulheres buscam primeira vaga coletiva na Câmara de Manaus
Bancada coletiva segue tendência nacional na busca de maior representatividade no cenário eleitoral (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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08 de novembro de 2020
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – Pela primeira vez, a capital amazonense terá uma candidatura coletiva na disputa de uma vaga na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Inspiradas em Marielle Franco, vereadora defensora dos Direitos Humanos, assassinada em 14 de março de 2018, a Bancada Coletiva do PSOL aposta no ativismo feminista, negro e cultural para vencer as eleições.
“O exercício de mandato compartilhado já existe em outros estados, como em São Paulo e em Pernambuco. Vamos tentar implementar em Manaus também, pois acreditamos que somente 41 vereadores não dão conta de uma cidade como a nossa”, disse Michelle Andrews, de 36 anos, candidata representante da bancada nas urnas, que também é produtora cultural, ativista, feminista e militante do Movimento Negro.
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A Bancada Coletiva, além de Michelle, é formada com as cocandidatas Alessandrine Silva, de 36 anos, ativista materna e estudante de direito e Nicole Fernandes, assistente social, militante feminista e do Movimento Negro; Além de Silvia Moraes professora, filósofa e ativista pela Educação; e Patricia Andrade, liderança comunitária do bairro de São Raimundo.
Mais representatividade
“A ideia do mandato é poder centralizar os projetos e fazer com que as decisões sejam de fato compartilhadas. Quebramos essa lógica de ter apenas um líder e vamos trabalhar coletivamente e democraticamente nesses espaços como deveria ser”, salientou Alessandrine.
Uma candidatura composta por vários postulantes é o novo jeito de fazer política em busca de uma maior representatividade no cenário eleitoral, cujo mandato coletivo é reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A modalidade consiste com um nome registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), podendo ser compartilhado com outros candidatos.
Deste modo, o candidato (ou a candidata) se compromete em consultar os demais membros quando necessário se posicionar sobre a propositura de leis e quanto ao exercício no cargo para qual foi eleito.
Direitos Humanos
A história das ativistas começou a ser traçada em meio a movimentos em prol dos direitos humanos, cuja luta ganhou força há três anos, na busca por uma maior representatividade. Além de pautas sociais, a bancada salientou que atua também para pautas de saúde, meio ambiente, mobilidade urbana e segurança pública.
“Sentimos a necessidade de ocupar a política, de ter alguém para nos representar. Escolhemos o Psol que é um partido que deixa a gente levantar nossas bandeiras. Coletivamente decidimos buscar a política”, salientou Michelle Andrews.
Segundo a assistente social Nicole Fernandes, os projetos da bancada coletiva foram elaborados na pré-campanha após conversas com o eleitorado. Por conta da pandemia, cujo distanciamento social é recomendado para evitar a infecção pela Covid-19, os bate-papos foram realizados por meio de conferências virtuais.
“Essas sugestões e propostas que vieram de professores, comunitários, intelectuais e ativistas, deram um norte e a base para um caderno que tem mais de 50 propostas. Na pré-campanha e na campanha já fazemos o que a gente quer construir na cidade depois de eleita, que é trazer as pessoas para as discussões sérias e fazer com que todo mundo paute a cidade”, frisou Nicole.
Com o caderno de propostas, as candidatas assinalaram que conseguem trabalhar, de forma transdisciplinar, com a negritude, o feminismo, a infância, a maternidade, cujos eixos se intercalam com as pautas propostas pelo coletivo.
“Eles (homens) ficam sempre testando a nossa capacidade de contribuir com a cidade de Manaus. Acham que a gente não sabe contar, elaborar um projeto, fazer uma pesquisa. E a gente vem mudando essa cultura na política manauara para que mulheres tenham vez e voz ativa”, desabafou Michille.
Por meio do movimento “Esse é o Nosso Norte”, as candidatas destacaram que buscam levar oportunidade para que lideranças comunitárias tenham visibilidade no meio político. De acordo com Michelle Andrews, a plataforma é voltada para a equidade de gêneros, raça e de classe. “Criamos um projeto de enfrentamento à essa cultura excludente que existe na política”, ressaltou a jovem.
Propostas
Entre as propostas da bancada coletiva, estão o fortalecimento da atuação dos conselhos tutelares nas áreas ribeirinhas da cidade, com o objetivo de garantir assistência e acompanhamento para crianças e adolescentes; a fiscalização dos comitês científicos de mortalidade materna e infantil.
“A gente entende que o Amazonas tem um número muito expressivo de morte de mulheres mães, mulheres em situação de gestação e pós-parto. Fiscalizar esses comitês é importante para que a gente entenda o que tem sido feito para o enfrentamento da morte dessas mulheres”, destacou a ativista materna Alessandrine Silva.
Sobre a saúde da família, a bancada salientou a necessidade de fiscalizar mais intensamente as unidades de saúde para garantir o funcionamento adequado no atendimento à população. Para os moradores em situação de rua, as candidatas destacaram que atuarão no cumprimento da Política de Atenção à População em Situação de Rua, em busca de garantia à dignidade humana.
Além de propostas para a saúde, a bancada reforçou que busca a fiscalização de prédios alugados da Secretaria Municipal de Educação (Semed), promovendo uma comissão inquérito com o objetivo de melhorar a estrutura educacional.
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