Em Manaus, instabilidade financeira faz crescer abandono de animais durante pandemia

Principal motivo do abandono de animais na pandemia é instabilidade financeira (Reprodução/BBC News Brasil)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O abandono de animais cresceu durante a pandemia do coronavírus, em Manaus. Segundo ativistas de causas animais, esse número aumentou em torno de 30% durante o ano de 2020, em comparação com 2019, e o principal motivo seria a dificuldade financeira que muitos cuidadores de animais de estimação passaram a enfrentar.

De acordo com o fundador da ONG Anjos de Rua, Kennedy Marques, o desemprego e a queda na renda de algumas famílias está levando as pessoas a não terem como continuar cuidando dos seus pets. “Percebemos que o número aumentou de 25% a 30% na pandemia, em comparação com 2019, por conta do desemprego e da queda de renda da família. As pessoas passaram a enfrentar dificuldade para alimentar seus animais”, contou o ativista e defensor da causa animal.

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Número do abandono de animais aumentou de 25% a 30% na pandemia (Reprodução/G1)

Kennedy afirmou ainda que os motivos para tentar justificar o abandono são vários, mas algumas pessoas procuram ONG atrás de apoio financeiro para continuarem cuidando dos seus animais de estimação.

“A alegação, em condições normais, são várias: viagens, pessoas que moram alugado e precisam se mudar para um local onde não aceitam animais, problemas conjugais, entre outras. Mas, com a pandemia, a maior alegação é realmente a impossibilidade de sustentar o animal. Alguns foram responsáveis, estão buscando ajuda. Muitas vezes nós interferimos e conseguimos manter até que a pessoa se estabilize”, ressaltou o ativista.

Adoções na pandemia

O fundador da ONG Anjos de Rua, que também ajuda na divulgação de animais disponíveis para adoção responsável em Manaus, destacou que as adoções estão quase paradas.

“Os números de adoções são poucas até porque falta muita consciência das pessoas. As pessoas estão hoje vivendo um momento de desestabilidade. Então, não querem assumir um compromisso, isso eu considero natural, porque mostra responsabilidade. No momento que a pessoa adota um animal é como se assumisse um filho”, destacou.

Na contramão, a procura

Na contramão das pessoas que abandonam seus pets durante a pandemia, têm pessoas que estão na busca por seus ‘filhos’ de estimação. Gleiciara Azevedo, de 31 anos, precisou se ausentar temporariamente da casa onde mora com o marido. Foi quando um dos ‘filhos’ de quatro patas, Rock, fugiu da residência.

“Precisei me ausentar de casa por motivo de saúde. Minha sogra adoeceu de Covid-19 e, por falta de leito nos hospitais, tivemos que tratar dela em sua residência. Então, deixamos a nossa casa e uma pessoa para tomar conta dos meus cachorrinhos. Infelizmente, a pessoa se descuidou deixando o portão aberto e o meu cachorrinho Rock fugiu”, contou.

Rock fugiu de casa no último dia 26 de janeiro (Reprodução/Arquivo pessoal)

O cãozinho Sem Raça Definida (SRD) fugiu no último dia 26 de janeiro da casa onde Gleiciara mora com o marido, no conjunto Nova Cidade, zona Norte de Manaus. Agora, mesmo desempregada, ela distribui cartazes na região. “Já fizemos panfletagem, colamos cartazes nos postes [de iluminação], mercadinhos, paradas de ônibus, mesmo assim seguimos sem notícias dele. Estamos desesperados sem notícias, têm dias que a gente não dorme direito”, contou.


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