Interior do Amazonas inicia colheita de café da variedade ‘Robustas Amazônicos’

O objetivo é quantificar a adaptabilidade e estabilidade dos clones em diferentes ambientes do Estado do Amazonas (Kevyn Sousa/Idam)

Com informações da assessoria

SILVES – Adaptados ao clima da região, os cafés Robustas Amazônicos, cultivados no município de Silves (distante 204 quilômetros de Manaus), já apresentam os primeiros resultados de produção. Na última semana, a Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) e o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) acompanharam o início da colheita do café, que pretende aumentar a produtividade no Amazonas sem desmatar novas áreas.

O experimento foi implantado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Rondônia e Amazônia Ocidental, em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em 2019, na sede da Associação Solidariedade Amazonas (ASA), localizada na rodovia AM-363, Km 77, em Silves.

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Expectativa é que a variedade Robusta Amazônico alcance uma produção de aproximadamente 120 a 130 sacas de café por hectare (Kevyn Sousa/Idam)

O objetivo é quantificar a adaptabilidade e estabilidade dos clones em diferentes ambientes do Estado do Amazonas, bem como avaliar o progresso genético e selecionar pelo menos seis clones (número mínimo tecnicamente recomendado quando se conhece os grupos de compatibilidade) de maior produtividade e qualidade da bebida para cultivo nas sub-regiões do Rio Negro, Médio Amazonas e Rio Madeira.

Para o produtor rural Roque Pereira Lins, de 61 anos, o município de Silves inicia uma nova história. “Estamos realizando essa primeira colheita de café para sabermos sua produtividade. A expectativa é que a variedade Robusta Amazônico alcance uma produção de aproximadamente 120 a 130 sacas de café por hectare. Isso será um grande ganho, se compararmos com variedades de café vindas de outros Estados e que apresentam uma produção média de 8 a 10 sacas por hectare”, pontuou.

Para Roque, Silves inicia uma nova história (Kevyn Sousa/Idam)

Roque destaca que essas novas tecnologias contribuem na redução dos índices de desmatamento no Amazonas. “Antes, para se ter uma maior produção de café era necessário desmatar mais áreas. E agora, a partir de clones desenvolvidos pela Embrapa, é possível obter maior produtividade em um menor espaço. A ideia é expandir a produção de café para agricultura familiar, considerando que a associação já comercializa a produção de café Conilon para a Indústria de Café 3 Corações”, disse o produtor.

Tecnologia e assistência técnica 

Órgãos de pesquisa, tecnologia e assistência técnica trabalham de forma conjunta para fortalecer a cafeicultura no Amazonas.

“Esse é um momento muito importante para a economia do Amazonas e especialmente para a economia rural. Hoje, estamos diante de um resultado que envolve tecnologia, fomento e assistência técnica. Todos focados em uma atividade rendosa e de curto prazo, que demanda uma série de fatores, como a regularização fundiária, acesso ao crédito rural, organização social e produtiva dos cafeicultores”, disse o diretor-presidente do Idam, Valdenor Cardoso.

Segundo Valdenor, o Governo do Amazonas irá dinamizar a cadeia produtiva do café e está apoiando produtores de Silves, que deverá se tornar um grande polo cafeeiro. “Sabemos que o café é de qualidade e temos insumos, matéria-prima, mercado garantido e produtores querendo investir na atividade”, destacou.

Órgãos de pesquisa, tecnologia e assistência técnica trabalham de forma conjunta para fortalecer a cafeicultura no Amazonas (Kevyn Sousa/Idam)

Para o chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Everton Cordeiro, o Amazonas está quebrando paradigmas. “Muitos diziam que a Amazônia não dava certo para o cultivo do café, e agora aí estão os resultados. Nos próximos anos essa cadeia será ainda mais fortalecida e será mais uma opção de atividade para o pequeno produtor, aquele que mais precisa do nosso apoio”, disse.

Experimentos 

Assim como no município de Silves, variedades de café clonal também foram implantadas nos municípios de Itacoatiara, Manaus, Humaitá e Urucará. As Unidades de Referência e Tecnologia (URT) possuem cerca de 1.500 metros quadrados e também estão em fase de avaliação.

“O produtor Roque foi o grande entusiasta no Estado do Amazonas. Ele sonhou e colocou em prática. Na propriedade do Roque temos 10 clones de café e iremos avaliar o desempenho. Os frutos possuem períodos de maturação diferentes, e a Ufam vai avaliar o desempenho desses materiais em outros locais para um retorno fidedigno. Vamos levar os frutos para avaliar a qualidade dos grãos para a bebida”, destacou o professor da Ufam de Itacoatiara, Fábio Ferreira.

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