Internet lembra ‘braveza’ de Bolsonaro com Moraes e compara interrogatório
Por: Ana Pastana e Mari Furtado
11 de junho de 2025
MANAUS (AM) – Declarações antigas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltaram a circular nas redes sociais após o político, durante julgamento nesta terça-feira, 10, sugerir que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, se junte a ele na disputa eleitoral de 2026 — sugestão que foi recusada de imediato pelo magistrado. Após o interrogatório colocar o ex-presidente e o ministro frente a frente, internautas compartilharam uma montagem com dois momentos: um em que Bolsonaro “desafia” o ministro da Primeira Turma e outro durante o interrogatório presidido por Moraes.
No vídeo inicial, Bolsonaro aparece em cima de um trio elétrico, rodeado de apoiadores, e afirma, aos gritos e com um microfone em mãos: “Ei, Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha”. De acordo com as informações descritas na imagem, o momento foi registrado em 2021.
No segundo trecho do vídeo, uma fala de Jair Bolsonaro durante o interrogatório desta terça-feira, no STF, é comparada às declarações do ex-presidente feitas em 2021. A montagem mostra Bolsonaro sorrindo e perguntando ao ministro se poderia “fazer uma brincadeira”.
“Posso fazer uma brincadeira?”, questiona o ex-presidente. Moraes responde com ironia: “Eu perguntaria aos seus advogados antes”. Bolsonaro então continua: “Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026. É isso aí”. O ministro recusa imediatamente: “Eu declino novamente”.
O depoimento de Bolsonaro começou às 14h33 e durou cerca de duas horas. Ele levou um exemplar da Constituição para a mesa de depoimento e o levantou enquanto discursava, afirmando não ter atentado contra a democracia.
Inelegibilidade e acusações
Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jair Bolsonaro voltou ao centro das atenções ao se tornar alvo de novas acusações no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado. A inelegibilidade foi determinada em junho de 2023, após o TSE formar maioria de 5 votos a 2.
O plenário condenou o ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A infração ocorreu durante uma reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022, quando Bolsonaro questionou, sem apresentar provas, a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro.
Agora, o ex-presidente responde à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) como integrante do chamado “Núcleo 1” da trama golpista. Ele é acusado dos crimes de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado.

Durante seu mandato, Bolsonaro colecionou declarações antidemocráticas, tensionou a relação entre os Poderes, desacreditou o processo eleitoral e ameaçou não cumprir decisões do STF. Após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022, a PGR aponta que ele teria incentivado os acampamentos golpistas em frente a quartéis do Exército, focos que culminaram nos ataques de 8 de janeiro, segundo as investigações.
A defesa do ex-presidente nega qualquer envolvimento nos crimes investigados e afirma que não há provas de sua ligação direta com os atos golpistas. Também critica a denúncia da PGR e contesta a tese de que uma conspiração teria sido iniciada no Palácio do Planalto, em 2021.