Invasão da Rússia a Mariupol transforma em ruínas a cidade dos sonhos da Ucrânia

Sepulturas improvisadas tomam espaços públicos de Mariupol Foto: ALEXANDER ERMOCHENKO / REUTERS/19-4-2022
Com informações do Infoglobo

KIEV — Nos anos anteriores à invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada em 24 de fevereiro, a cidade portuária de Mariupol passou por uma reforma. Mais de US$ 600 milhões foram gastos em novas estradas, um hospital infantil e parques para modernizar a cidade de língua russa como parte de uma campanha para mostrar os benefícios da vida na Ucrânia, após a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014.

“Vivíamos bem, felizes”, disse Maria Danylova, de 24 anos, que se mudou para um novo apartamento na cidade em agosto passado, depois que se casou. Como a maioria de sua família, Danylova trabalha para a gigante siderúrgica Metinvest, que investiu mais de US$ 2 bilhões em duas enormes fábricas de Mariupol desde 2014.

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“Era uma cidade em desenvolvimento livre, que oferecia tudo o que queríamos”, disse ela, lembrando dos passeios de fim de semana com seus pais na orla restaurada.

Agora, após dois meses de ataques intensivos, a cidade está em ruínas, e sepulturas improvisadas se espalham por suas ruas, entre blocos de apartamentos bombardeados, enegrecidos pela fumaça. Entre os escombros, veículos militares destruídos. Acredita-se que milhares de pessoas tenham morrido na cidade.

Mariupol é um prêmio estratégico para a Rússia, reforçando seu acesso à península da Crimeia por meio do território ocupado por separatistas pró-Rússia. Mas a intensidade do cerco danificou quase metade da cidade industrial de forma irreparável, de acordo com as autoridades locais.

Sepulturas improvisadas tomam espaços públicos de Mariupol Foto: ALEXANDER ERMOCHENKO / REUTERS/19-4-2022

Os combates também interromperam os trabalhos nas vastas siderúrgicas da cidade, uma das quais continua sendo o último reduto de resistência das tropas ucranianas.

“Tudo o que foi investido (em Mariupol) foi destruído”, disse o ministro da Infraestrutura, Oleksander Kubrakov, à agência Reuters.

Ucrânia

Rodeada por chaminés, a cidade siderúrgica no Mar de Azov já foi sinônimo da decadente e poluída indústria pós-soviética.

Sua sorte mudou em 2014 com a eclosão de combates com separatistas apoiados pela Rússia no Leste da Ucrânia. Controlada brevemente pelos rebeldes, Mariupol foi recapturada pelas forças ucranianas, tornando-se a maior cidade da região do Donbass sob o controle de Kiev.

Mais de cem mil pessoas fugiram dos territórios controlados pelos separatistas para fazer uma nova vida em Mariupol. Com isso, as autoridades locais lançaram o plano para renovar a cidade.

A Metinvest modernizou suas duas unidades, Azovstal e Ilyich Steel. Em 2020, concluiu um programa de redução de emissões, no que afirma ser um dos maiores projetos ambientais da história da Ucrânia.

“Nos últimos sete anos, conseguimos criar esta vitrine de um Donbass ucraniano revivido”, diz Vadym Boichenko, prefeito desde 2015.

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