Irmãos indígenas recebem honraria do Exército após ficarem perdidos na Floresta Amazônica: ‘São dignos’

Glauco Carvalho Ferreira, 7 anos, recebe honraria do comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), coronel Lustosa. (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS — Os irmãos indígenas Gleison Carvalho Ferreira, 9 anos, e Glauco Carvalho Ferreira, 7 anos, foram homenageados nesta segunda-feira, 11, no Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), em Manaus (AM), pela bravura ao sobreviver a 26 dias perdidos na floresta. As crianças da etnia Mura, moradores da Comunidade Indígena Palmeira, em Manicoré, a mais de 300 quilômetros da capital amazonense, receberam um distintivo e o chapéu bandeirante durante a solenidade.

Os irmãos ficaram 26 dias perdidos na floresta após entrarem na área de mata para caçar passarinho. Eles foram encontrados no último dia 15 de março quando um homem, que estava cortando madeira na mata, avistou os irmãos. Gleison e Glauco estavam com desnutrição severa e tinham escoriações na pele, e passaram 20 dias internados no Hospital e Pronto-Socorro da Criança, em Manaus.

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Na solenidade no Cigs, realizada pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), os dois pequenos receberam o distintivo do Estágio de Adaptação à Selva, uma faixa semicircular com as inscrições “SELVA”, e chapéu bandeirante com o distintivo do centro de instrução. O coronel Fábio Pinheiro Lustosa, comandante do CMA, falou sobre o reconhecimento das características inerentes aos guerreiros da selva, as quais os meninos apresentaram.

“Temos que reconhecer que essas crianças trazem embutidas as características necessárias para o guerreiro de selva. Para estes, que sobrevivem na nossa Amazônia, a selva não pertence ao mais forte, mas ao sóbrio, ao habilidoso e ao resistente. São essas três características demonstradas pelo Gleison e pelo Glauco”, disse o comandante.

O coronel pontuou, ainda, quais atividades dos militares da selva foram identificadas na luta pela sobrevivência dos meninos. “A gente entende que eles trabalharam basicamente com as atividades de busca pela água, ainda que tenham chegado desidratados e desnutridos. A coleta da água, a construção de pequenos abrigos, a obtenção de alimentos de origem vegetal são aqueles que são mais marcantes e tangíveis”, reforçou.

Gleison (à esquerda), coronel Lustosa (no centro) e Glauco (à direita). (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Honraria

Sobre o chapéu bandeirante, o comandante ainda acrescentou o significado da honraria. “Nós entendemos que esse chapéu é uma ferramenta de trabalho. Ele protege nossa cabeça contra espinhos e etc, então ele foi formulado para identificar o guerreiro de selva que opera nas agruras da Amazônia. Quando a gente entrega para as crianças, nós estamos coroando, estamos falando que elas são dignas de utilizar um dos símbolos do guerreiro de selva do Brasil”, concluiu.

Gleison recebe honraria pelas mãos do coronel Lustosa. (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Futuro

Sobre o futuro dos irmãos, a mãe Rosinete da Silva Carvalho expressou felicidade ao falar que os pequenos já demonstraram desejo de se tornarem militares. “O que eu espero para o futuro deles é que eles sirvam ao Exército e sejam muito felizes. Antes, o menor tinha o cabelo longo, agora ele quer cortar o cabelo porque quer ser soldado. Aquilo foi um orgulho muito grande que eu ouvi deles”, contou ela.

Os meninos receberam a homenagem acompanhados dos pais. (Jander Souza/ Revista Cenarium)
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