‘Jacaré coroa’ é resgatado pela polícia após atacar pessoas em parada de ônibus de Manaus

Com a chegada do período chuvoso é comum que animais acabem 'visitando' as áreas urbanas da capital (Reprodução/Arquivo)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Após uma madrugada de forte chuva na capital amazonense, um jacaré foi encontrado na manhã desta quinta-feira, 25, próximo a uma parada de ônibus, no bairro Cidade Nova, na Zona Norte de Manaus. O encontro inusitado assustou moradores que acionaram a Polícia Militar, que resgatou o réptil e o encaminhou para um órgão de proteção aos animais.

De acordo com o policial Silva, da 27ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), o animal aparentava estresse e tentou atacar as pessoas que transitavam no local. Segundo ele, a polícia levou o jacaré para o Museu da Amazônia (Musa), na zona Norte da cidade.

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“Populares nos informaram que ele estava em via pública atacando transeuntes. Estava estressado. Devido à situação, fomos obrigados a capturá-lo e imobilizá-lo”, disse o policial.

Período chuvoso

Por conta do período chuvoso na Amazônia, é comum a saída de animais da água (igarapés) em busca de alimentação e refúgio, de acordo como explicou à REVISTA CENARIUM nesta quinta-feira, 25, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e mestrando em Ecologia, Gabriel Salles Masseli.

Biólogo Gabriel Salles Masseli é pesquisador do Inpa (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Segundo o pesquisador, que também é especialista em resgate de animais silvestres, o animal é um jovem jacaré-coroa da espécie Paleosuchus Trigonatus, cuja característica é o pequeno comprimento, chegando a medir até 1,5 metros, além do focinho abundante e a cauda curta.

“Como o esgoto é jogado nos igarapés, onde vivem esses animais, eles acabam saindo, principalmente, neste período de maior pluviosidade (período chuvoso). Os igarapés aumentam o volume de água e transbordam, tornando-se comum o encontro desses animais com a população que tem residência próxima a essas regiões”, explicou.

O biólogo salientou, ainda, que o ser humano é quem vive no habitat natural dos animais, principalmente, por se tratar da Amazônia, cujo bioma possui a maior diversidade de jacarés do mundo: o jacaré-açu, jacaré-tinga, jacaré-paguá e jacaré-coroa, ou seja, quatro das oito espécies existentes no mundo habitam a região.

Métodos de resgate

Para o pesquisador, o resgate do animal encontrado na manhã desta quinta-feira deveria ter sido efetuado pela Polícia Ambiental do Amazonas. Segundo ele, no entanto, a PM fez bem em capturar o animal antes que a população agredisse o jacaré.

“Os métodos que utilizaram para a contenção desse animal, na verdade, só machucam e estressam ele. Mas, felizmente, foi bom os policiais terem chegado, pois ele não poderia estar vivo agora, já que populares poderiam ter matado ele”, reforça.

O biólogo finaliza salientando que agredir, matar, perseguir, estressar ou causar danos a animais silvestres e domésticos é crime ambiental previsto tanto na Lei nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998, em seu artigo 32 (Lei de Crimes Ambientais) quanto na Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967 (Lei de Proteção à Fauna).

“Independente de quem seja, perseguindo ou maltratando animais, está cometendo um crime ambiental, ou seja, é um criminoso. O que deve ser feito, se encontrar um bicho desse, é ligar para a polícia ambiental e também manter distância para segurança tanto da pessoa quanto do animal”, finalizou.

Resgate

Para resgate de animais silvestres encontrados em vias públicas ou residências, o Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Amazonas pode ser acionado pela população. As denúncias podem ser realizadas pelos telefones: (92) 98842-1553 ou 98842-1547.

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