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Jornalista publica livro sobre a forma de fazer reportagens na Amazônia
Obra faz uma análise de reportagens produzidas por telejornais de Manaus (Reprodução)
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23 de agosto de 2021
Déborah Arruda – Da Cenarium
MANAUS (AM) – Considerada “o coração da Terra”, a Amazônia e sua tão extensa diversidade social, cultural e biológica é assunto de notícias em todo o mundo. Porém, nem sempre os jornalistas residentes da região conseguem se aprofundar na temática, deixando uma lacuna de informações a serem exploradas por veículos e repórteres de outras regiões do Brasil. Esse é o tema do livro “Jornalismo na Amazônia: uma análise sobre a prioridade da reportagem para os fazedores de notícias”, obra do jornalista paraense Rômulo D’Castro.
O livro foi publicado neste mês e está em pré-venda. Na obra, que surgiu do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do autor, quando ainda cursava Jornalismo, são analisadas reportagens dentro da temática amazônica, de dois telejornais matutinos de Manaus. Rômulo conta que durante cinco dias selecionou as reportagens e, posteriormente, iniciou sua análise. “O objetivo [do livro] é verificar de que forma pautas de contexto amazônico são abordadas dentro desses jornais, a partir de uma análise durante cinco dias. De que forma a pauta é abordada, como o personagem amazônida era colocado nas pautas”, disse.
O autor explica que a escolha das reportagens e dos programas foi determinada com base nos assuntos dentro da temática e da similaridade entre os dois programas. “A escolha dos programas se deu por terem editorias parecidos e serem transmitidos no mesmo horário. E dos repórteres das reportagens exploradas no livro foi por estarem dentro da temática, da editoria Amazônia”.
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Eixo Rio-São Paulo
Entre as diversas pautas encontradas, tiveram a colheita de açaí, o festival do Tururi e a festa do trabalhador rural. Para embasar sua discussão, Rômulo afirma que conversou com historiadores, chefes dos programas escolhidos, chefes do setor jornalístico das emissoras e pensadores que falam o porquê da submissão a um padrão pré-existente, originado na região Sudeste, entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
“Se observa muito hoje de fora para dentro, é muito fácil ver um ‘Câmera Record’, um ‘Globo Repórter’ ou uma CNN do eixo Rio-São Paulo entrando na nossa região para falar o que eles entendem ser Amazônia, quando nós que estamos inseridos falamos superficialmente. Poderíamos ter uma produção muito melhor explorada sobre a temática”, explicou.
O objetivo da obra está longe de tentar ditar regras sobre o que e como deveriam ser feitas as reportagens sobre a região. A proposta é mostrar que ainda há muito a ser melhorado na forma como a Amazônia é abordada jornalisticamente a nível regional, por meio das análises e inquietudes que Rômulo conta ter desde antes de entrar na faculdade.
“Eu deixo claro no próprio livro que o objetivo não é traçar o que seria ou o que deveria ser um jornalismo, uma abordagem padrão, para um jornalismo feito na Amazônia. Coloco minha inquietude, minhas observações a partir de pesquisas e de análise e por estar inserido há muito tempo nessa área, isso sempre me incomodou. Fazemos um jornalismo falando da Amazônia de forma muito superficial, em muitos casos não se aprofunda a temática, sendo que nós somos fazedores de notícias dentro da Amazônia”, finaliza.
Sobre o autor
Rômulo D’Castro é natural de Santarém, no Pará, e possui um extenso currículo na área. Graduado em Jornalismo, pelo Centro Universitário do Norte (UniNorte), é editor-chefe e apresentador do Cidade Alerta Altamira, Brasil Novo e Medicilândia – Record TV. Também atua como produtor e apresentador do projeto “Brumadinho – quanto Vale uma vida?”, do programa “Massacre de Altamira – um ano depois” e do “Festival Folclórico de Altamira 2019”. Foi produtor-executivo e apresentador do programa Amazônia Rural em cinco estados: Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima, pela Globo Amazônia.
Rômulo é responsável pelo projeto de implantação e geração de conteúdo da Record News Altamira. Foi um dos ganhadores do Prêmio Grupo Mirante de Jornalismo, em 2018, com a reportagem “A rodovia do abandono: os personagens da Transamazônica”. Teve participação em demais coberturas importantes nas áreas da cultura e história regionais, além de pesquisas universitárias e obras de impacto no Xingu, como a Usina Hidrelétrica Belo Monte, a instalação do projeto minerador Belo Sun, e a luta de indígenas pela sobrevivência de seus povos.
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