Jovem autista tem 17 dentes extraídos sem aval da família em Belém
Por: Fabyo Cruz
18 de junho de 2025
BELÉM (PA) – Uma jovem autista de 19 anos teve 17 dentes extraídos sem autorização da família durante um procedimento odontológico realizado no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (Ciir), em Belém (PA), na última segunda-feira, 16. A paciente foi levada pela mãe à unidade para realizar uma limpeza dental, mas o procedimento resultou em uma extração múltipla que, segundo os familiares, não foi previamente informada ou autorizada.
A denúncia veio a público por meio das redes sociais, em publicação feita por Izabella Martins, irmã da jovem, identificada como Juliana. Segundo o relato, a jovem é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em grau severo e não verbal. A família afirma que não foi comunicada sobre a necessidade da extração e que não autorizou o procedimento, o que caracterizaria, segundo a irmã, uma grave negligência médica.

Ainda segundo o relato, a equipe responsável teria alegado que esse tipo de procedimento seria comum em outros pacientes com o mesmo diagnóstico. Izabella afirma que o prontuário não foi disponibilizado para a família e que não houve explicações detalhadas sobre os motivos da intervenção.
“A diretoria do Ciir só sabia dizer que iriam nos ajudar, mas não quiseram nem deixar bater foto ou nos dar o prontuário. Não quiseram nos deixar ver a quantidade de dentes que haviam sido extraídos”, afirmou Izabella.
Diante da repercussão do caso, a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), responsável pela gestão do Ciir, informou que o profissional responsável pela extração foi imediatamente afastado e que foi instaurado um processo administrativo para apurar os fatos e responsabilizar os envolvidos. A pasta afirmou também que está prestando apoio à jovem e aos seus familiares.
Políticos se manifestam
O caso gerou comoção nas redes sociais e mobilizou autoridades políticas. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), classificou a denúncia como “muito grave” e afirmou que determinou o imediato afastamento do profissional envolvido e a abertura de uma investigação. “A prioridade agora é prestar todo apoio à jovem e à sua família”, afirmou.
O deputado federal Delegado Éder Mauro (PL) também se manifestou sobre o caso. Ele disse que o episódio configura crime e não pode ser considerado um procedimento comum.
A deputada estadual Lívia Duarte (Psol) repudiou a conduta do Ciir e informou que o caso foi denunciado ao Ministério Público do Estado do Pará. Segundo ela, foram extraídos 13 dentes, número diferente do informado inicialmente pela irmã da jovem, e o procedimento ocorreu sem autorização expressa da família.
O Conselho Regional de Odontologia do Pará (CRO-PA) também se posicionou. Em nota, o órgão informou que tomou conhecimento do caso no dia 17 e que, dentro de suas atribuições legais, está à disposição para apurar a conduta do profissional envolvido, desde que recebidas as devidas documentações que permitam a instauração de um processo ético.