Jovem indígena faz pinturas em tecidos para expressar cultura

Jovem expressa, nos tecidos, a cultura dos povos indígenas (Reprodução/Lucas Oliveira)

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – Considerado um dos melhores grafiteiros da comunidade indígena Parque das Tribos, localizada no bairro Tarumã, em Manaus, Amadeu Ferreira de Castro, da etnia Sateré-Mawé, de 16 anos, trabalha com grafismos corporais há mais de sete anos e resolveu se aventurar. Ele começou a levar suas pinturas para além do corpo e criar, em roupas, os desenhos que representam a cultura dos povos indígenas.

“Eu comecei a fazer o meu trabalho por intermédio de incentivos, porque eu fazia desenhos que são fora do padrão indígena, e aí eu comecei a fazer grafismos, e foi assim que muitas pessoas gostaram e cada vez mais essas pessoas iam me incentivando e apoiando o meu trabalho. E eu faço dela [grafismo em roupas] a minha principal fonte de renda”, explicou Amadeu.

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As artes indígenas podem ser expressadas de várias formas e servem como inspiração para o universo da moda, principalmente no Brasil, sendo o grafismo uma delas. Essa expressão é como marca da identidade de cada povo e pode ter diversos significados como a quantidade de filhos, ocupação de cada indígena na aldeia ou os ritos de passagem.

Produção de camisas com grafismos indígenas (Divulgação/Lucas Oliveira)

Amadeu conta ainda que os grafismos feitos nos corpos são os mesmos que o artista faz nas roupas. “Tem alguns grafismos que eu mesmo desenvolvi, mas a maioria são identificados corporalmente”, destacou.

Além disso, o jovem relata que cada grafismo tem o seu significado e cada um conta a história. “É uma das coisas que eu levo pra minha vida e para os meus clientes, quando surgem as dúvidas. Cada um conta alguma coisa, seja no grafismo espiritual, para festas, para guerra, entre outros, cada um tem um significado, se não deixa de ser grafismo e vira apenas riscos”, destacou.

Produção

A produção dos grafismos corporais são feitos com a tinta do jenipapo, que é uma tinta tradicional indígena. Com a criação sendo feita no chão de casa, Amadeu dá vida a suas artes. “A gente usa o fruto verde, rala e a gente faz a tinta corporal. Já na pintura das roupas a gente usa tintas para tecidos, que é uma forma de conseguir segurar mais nas roupas”, explicou.

Pinturas na pele

À CENARIUM, Amadeu explicou como conheceu o grafismo e como inseriu na sua trajetória. “Eu conheci o grafismo em 2014, aí me especializei e tive a vontade de querer aprender mais sobre o grafismo. Então, por meio do grafismo, eu aprendi mais sobre outras culturas indígenas, não só a minha. O grafismo é uma identificação. A pessoa sem o grafismo se sente muito insegura. Com o grafismo é como se tivesse uma força, como se fosse um escudo para críticas e opiniões contra os indígenas, então usamos mais para fortalecimento”, contou.

Vendas

Amadeu ressaltou que as vendas dos produtos são todas feitas pelas redes sociais. “As redes sociais ajudam bastante, por meio do Facebook, WhatsApp e Instagram, eu consigo divulgar o meu trabalho para o público. E como eu ainda não tenho transporte próprio, eu não consigo fazer as entregas, então elas são feitas todas com retirada na minha casa, aqui na comunidade Parque das Tribos”, ressaltou.

As peças variam de preço e podem custar de 50 a 70 reais. É possível entrar em contato com o artista pelas redes sociais ou pelo número de telefone.

Redes sociais: Instagram e Facebook
Contato: (92) 99126-2514

Amadeu durante o processo de produção das blusas (Reprodução/Lucas Oliveira)
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