Jovem indígena morto após ser atropelado em São Paulo é velado em São Gabriel da Cachoeira

Jovem estava na cidade cursando Educação Física. Foto: Reprodução

Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – Foi velado nesta quarta-feira, 23, na Câmara Municipal de São Gabriel da Cachoeira, o corpo de Jorge Figueiredo Alves, de 22 anos. O jovem indígena da etnia Dessana era estudante de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e faleceu em Campinas, após ser atropelado no último sábado, 19, na Rodovia D. Pedro I (SP-065), um dos acessos à Cidade Universitária.

O corpo, a princípio, foi dado como indigente, até que amigos de Jorge conseguiram fazer a identificação, informar a família e fazer o translado para São Gabriel da Cachoeira, cidade em que nasceu. A ação só foi possível graças a uma ‘vaquinha’ organizada pelo DCE Campinas (Diretório Central dos Estudantes) que arrecadou pouco mais de R$ 6 mil reais para ajudar no transporte, hospedagem e alimentação da família de Jorge para a realização do translado.

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Jorge era o sétimo de nove filhos e havia ingressado no curso em 2021, após ser aprovado no Vestibular Indígena da Unicamp. O universitário faria 23 anos no próximo dia 22 de março.

Homenagens

Nas redes sociais, entidades, familiares e amigos prestaram suas homenagens e lamentaram a partida repentina do jovem. A coordenação CCI-ufscar comentou, em publicação, que Jorge “sempre mostrou ser alegre e divertido, e nesse pouco tempo fez parte da coordenação no Centro de Cultura Indígena de Sorocaba”. Eles ainda completaram falando que “hoje, o céu está em festa, pois, está recebendo a pessoa mais divertida que eles já conheceram”.

A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) também se manifestou em apoio à Janete Figueiredo Alves, Diretora da Federação e irmã de Jorge. Em nota de pesar, eles lamentaram a perda do jovem e prestaram homenagens à família e amigos.

Na publicação, Janete agradece as mensagens de apoio: “Que Deus retribua o dobro a todas as pessoas em solidariedade para com a minha família. Não está sendo fácil, mas tudo é no tempo de Deus e isso ninguém pode mudar”, disse a familiar.

A Associação de Pós-Graduandas e Pós-Graduandos da Unicamp também se pronunciou sobre o ocorrido.

“A APG Unicamp acredita que a universidade deve ser um espaço de encontro, acolhimento e de combate às inúmeras violências estruturais que dificultam, há tempos, que os povos indígenas ocupem a universidade. Como entidade que apoia a organização e mobilização do Coletivo Indígena da Unicamp, assumimos o compromisso com a luta pela ampliação das políticas de ações afirmativas, permanência e apoio estudantil na universidade”, diz a nota.

Outros amigos publicaram, no perfil de Jorge, mensagens para se despedir do amigo:

Vestibular Indígena

A Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) registrou 2.805 inscritos para o Vestibular Indígena 2022, primeiro ano da seleção unificada entre a UFSCar e a Unicamp para o ingresso de estudantes indígenas em diferentes cursos de graduação das duas universidades. As inscrições gratuitas foram encerradas no dia 20 de janeiro.

Até o momento, Manaus possui 356 inscritos, Tabatinga possui 780 e São Gabriel da Cachoeira chega a 933 inscritos, um total de 2.069 amazonenses inscritos no certame, correspondendo a mais de 70% de inscritos do Amazonas. As provas serão aplicadas, presencialmente, no próximo dia 27 de março, nas cidades inscritas.

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