Jovens brasileiros se unem por sonho de mundo mais sustentável

Juventude brasileira está cada vez mais engajada nas pautas ambientais, sendo um fator de pressão política para objetivos a serem alcançados na agenda global (Reprodução/YouTube)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Jovens dos quatro cantos do Brasil participam de vídeo lançado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN Jovem Amazônia) e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), onde pedem construção de um futuro melhor para a humanidade.

A juventude sempre foi protagonista das grandes mudanças sociais no mundo. Na questão ambiental não é diferente (Reprodução/Divulgação-FAS)

Denominado “Juntos Somos Melhores”, o vídeo reúne 20 jovens representantes de iniciativas de impacto socioambiental que participam da campanha, cujo mote é o inquietante questionamento para o futuro: “Que mundo você quer para 2030?”.

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A pergunta é a raiz da meta traçada pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o desenvolvimento sustentável no mundo. A proposta do organismo mundial entra em contagem regressiva já que faltam menos de 10 anos para o cumprimento da meta estabelecida aos países membros da entidade.

Otimismo

Participante da campanha, a paulista radicada em Manaus, Jakeline Carvalho, de 26 anos, é uma das voluntárias que acredita que é possível. “Acredito que conseguiremos, sou otimista. Acho que as pessoas estão repensando sua forma de consumo e isso muito em função da pandemia”, analisou.

Jakeline Carvalho, de Araçatuba (SP) para Manaus, uma jovem paulista com alma amazônida (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Integrante da organização social ‘Litro de Luz’, que atua levando soluções em energia para comunidades amazônicas isoladas, Jakeline credita ao governo federal o momento crítico por qual passa o meio ambiente, base para a mudança proposta pela ONU.  

“Temos um governo absolutamente incapaz. Um governo baseado em ‘achismos’ que despreza o conhecimento científico, que persegue quem defende o meio ambiente e que ainda acusa indígenas e caboclos de serem os responsáveis pelas queimadas. Um governo que é o responsável por essa crise”, acusou.

A voz que vem do Rio

Carioca da gema, nascido no bairro de Vargem Grande, Joao Pedro Rocha, 27 anos, gestor público é outro jovem engajado. Para ele, a voz da juventude é o grande divisor de águas e pode sim traçar as linhas de um novo Brasil. “A juventude é a voz mais potente em prol das pautas climáticas hoje”, considerou.

O carioca João Pedro Rocha acredita que é possível cumprir as metas da ONU, desde que uma nova classe política venha das urnas nas próximas eleições (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Questionado se é possível cumprir as metas, João acredita que a política é o fator mudancista. “Acredito que se tivermos uma renovação nos cargos políticos das próximas eleições com políticos engajados na implementação efetiva da agenda, sim. Caso contrário, a pressão da juventude será apenas para barrar mais retrocessos”, ponderou.

Sobre a realidade do momento ambiental brasileiro, o carioca opina. “Eu penso que é o reflexo de um governo que está preocupado apenas com os seus e ignora os impactos de médio e longo prazo. Sinto que meu futuro, dos meus amigos e do nosso bioma está em risco constante”, lamentou.

Questionado sobre o fato de viver no Sudeste e estar lutando em prol de uma causa no Norte do País, ele comentou. “O impacto negativo da não implementação da agenda 2030 não tem fronteiras. Como brasileiro sinto que sempre estarei conectado aos meus irmãos da Amazônia. Nossas ações sempre serão complementares e fundamentais. Juntos somos mais fortes”, concluiu.

Voluntariado paulista

A paulista de Salto, Laís D’Isep dos Santos, 24 anos, também participou do vídeo. “O vídeo originalmente era parte da nossa programação da Semana da Juventude. Então, todos nós participamos do vídeo e convidamos membros de outras organizações para compartilhar também seus sonhos para 2030”, explicou.

Com experiência na Amazônia, a paulista Laís dos Santos acredita que isso lhe abriu horizontes sobre a importância de se lutar por uma mundo ambientalmente melhor (Reprodução/Arquivo Pessoal)

A engenheira agrônoma reconhece as dificuldades para se chegar às metas. “Acho que todo mundo que trabalha para alcançar essas metas se sente desesperançoso em alguns momentos, porque infelizmente ainda existem esforços de se caminhar na contramão, além de termos um prazo curto para alcançar mudanças significativas”, destacou.

Mesmo com certa descrença, ele busca forças para acreditar. “Por outro lado, a cada dia tenho a oportunidade de conhecer mais pessoas comprometidas e que trabalham incansavelmente para defender e fazer alcançar esse mundo de 2030, e isso me faz acreditar”, falou com otimismo.

Razões para acreditar

“Uma vez ouvi a seguinte frase, que foi muito importante para mim: ‘Estamos preparados para um mundo que dá certo? Nós sabemos lidar com um mundo em que os ODS são alcançados?’. E acho que realmente cabe a nós entender que sim, é possível, e que nós podemos sonhar e batalhar por esse mundo que dá certo”, ponderou Laís.

Em sua experiência amazônica, Laís recorda “Em 2018, no período das eleições, eu estava no interior do Amazonas fazendo estágio em uma ONG e naquele momento já era possível ‘adivinhar’ o que poderia acontecer nesse sentido. É muito triste ver que essas tragédias estão de fato acontecendo, quando muita coisa poderia ter sido feita para evitá-las”, lamentou.

A Fundação Amazônia Sustentável trabalha como indutora de temas sobre sustentabilidade para que cada vez mais jovens sonhem com um mundo melhor (Reprodução/Divulgação-FAS)

Sobre estar no Sudeste e lutar pelo Norte, ela falou. “Acredito que muitas pessoas se sentem distantes da Amazônia e do Norte do país, e felizmente eu tive a oportunidade de conhecer e vivenciar essa grandiosidade”, comemorou a ativista.

“Como Agrônoma também entendi que essa profissão é necessária e que eu posso exercer um impacto positivo a partir dela e desde então eu venho buscando contribuir da forma que eu puder, seja por meio de voluntariados presencial ou on-line e futuramente espero que profissionalmente também”, finalizou Laís.

Rede de apoio

A iniciativa tem apoio da SDSN Bolívia, SDSN Andes, Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), AIESEC em Manaus, Ame o Tucunduba, Bloco Florestal, Centro de Desarrollo Humano y Empleabilidad, Ciência na Rua, CISV Brasil, Engajamundo, Fridays For Future Brasil, Global Shapers Manaus, Grupo Mulheres do Brasil – Núcleo Manaus, Hivos, Igarapés Limpos, Instituto Ágape, Instituto Mana, Instituto Tchibum, Jovens Políticos pelo Clima, Jóvenes Peruanos Frente al Cambio Climático, Litro de Luz Brasil, Pedala Manaus, Somos Filhos da Floresta, Todos Amazônia, Universitario por los ODS, Vírgulas Cardeais e Youth Climate Leaders.

Sobre a SDSN Jovem

A SDSN Amazônia é uma rede que visa integrar os países da Bacia Amazônica, mobilizando universidades, organizações não governamentais, centros de pesquisa, instituições governamentais e privadas, organizações multilaterais e sociedade civil para promover a resolução prática de problemas para o desenvolvimento sustentável da região. A iniciativa faz parte da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU (UNSDSN) e tem a secretaria-executiva realizada pela FAS.

Eventos como ‘Virada Sustentável’ e ‘Remada Sustentável’ são grandes pontos de convergências de ideias para a juventude que quer saber mais sobre o tema (Reprodução/Divulgação-FAS)

A SDSN Jovem Amazônia é a divisão voltada para pessoas de até 30 anos, que busca envolver jovens da região na Agenda 2030, tendo como objetivos: educar os jovens sobre os ODS e conduzi-los no caminho dos ODS; conectar jovens no mundo inteiro para trocar ideias, compartilhar experiências e colaborar para alcançar os ODS; e apoiar jovens na criação e replicação de soluções inovadoras para os ODS.

Jovens interessados em fazer parte da iniciativa podem preencher o formulário de voluntariado disponível no link

Assista ao vídeo da iniciativa:

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