Justiça decreta prisão de envolvidos na morte de indígena no AM; um é preso


Por: Jadson Lima

07 de janeiro de 2025
Justiça decreta prisão de envolvidos na morte de indígena no AM; um é preso
Um dos suspeitos foi preso nesta terça-feira, 7 (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

MANAUS (AM) – O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) determinou, nesta terça-feira, 7, a prisão preventiva de dois indígenas da etnia Yanomami por suspeita de envolvimento no estupro coletivo e assassinato de uma indígena da etnia Baré, identificada como Rosimar Santos de Oliveira, de 48 anos. A mulher foi encontrada morta com sinais de abuso sexual na sexta-feira, 3, em uma área na região central do município de Barcelos (AM), localizado a 399 quilômetros de Manaus.

A CENARIUM apurou que um dos suspeitos com a prisão decretada é o indígena Sirrico Aprueteri Yanomami, de 19 anos. Ele foi preso em uma comunidade rural do município na manhã desta terça-feira, 7. A reportagem também teve acesso ao nome do segundo suspeito, mas não irá divulgar a identidade dele até a prisão para não atrapalhar as investigações.

O documento, expedido pela Comarca de Barcelos e assinado pelo juiz Laossy Amorim Marquezini, informa que a ordem judicial está embasada na Lei: 2848, que trata do crime de “homicídio qualificado”. A pena para condenados varia de 12 a 30 anos de prisão. Veja o mandado de prisão:

Mandado de prisão foi expedido pela Comarca de Barcelos (Reprodução/TJAM)

Na decisão, o magistrado argumentou, usando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), que considera que a periculosidade dos suspeitos, “evidenciada pelo modus operandi, e o risco concreto de reiteração criminosa, são motivos idôneos para a manutenção da custódia cautelar”.

À reportagem, o advogado que está assistindo à família da vítima, Francisco Felipe Leal, confirmou que o suspeito Sirrico Aprueteri foi preso nesta terça-feira, 7, na zona rural de Barcelos (AM). Além dele, um segundo homem, de identidade não informada, foi conduzido à Delegacia para prestar esclarecimentos por suspeita de tentativa de facilitar a fuga do homem. Após assinatura do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), procedimento para registrar um fato como infração de menor potencial ofensivo, o homem deve ser liberado. Veja o momento da prisão:

Prisões foram realizadas nesta terça-feira, 7, em Barcelos (Imagem cedida pela familia da vítima)

A operação policial foi realizada pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), com o apoio da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM). Agentes da Força Nacional também auxiliaram após o retorno das equipes à sede do município. Eles estão mobilizados para atender a “necessidade de pacificação e preservação da ordem pública diante da situação de tensão envolvendo as etnias Yanomami e Baré”.

De acordo com informações repassadas à CENARIUM, a polícia busca outros suspeitos de envolvimento no crime e novas diligências devem ser realizadas nos próximos dias. As imagens de um vídeo que circula nas redes sociais, gravado pelos suspeitos no momento do crime, mostram três homens em volta da vítima em uma área de vegetação. A gravação foi realizada por uma quarta pessoa.

Em nota, a PC-AM se limitou a dizer que um inquérito policial foi instaurado para investigar os crimes de estupro e homicídio contra uma indígena praticada no município. “As diligências estão em andamento para, com o apoio da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) para localizar os suspeitos”, disse a instituição.

Transferido para Manaus

Na tarde desta terça-feira, o indígena preso preventivamente por suspeita de envolvimento no crime foi transferido para Manaus. Imagens mostram o momento do embarque dele em uma aeronave e agentes da Força Nacional. Mais cedo, uma manifestação chegou a ser cogitada entre os moradores na frente da sede da Delegacia do Município, de acordo com informações repassadas à CENARIUM.

Suspeito é transferido para Manaus após ser preso preventivamente (Imagem cedida pela familia da vítima)
Mobilização da Força Nacional

A Força Nacional foi mobilizada para o município no último sábado, 4, após a escalada de tensão. De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a mobilização dos agentes, que estão no município a pedido da Casa de Governo de Roraima, foi necessária para garantir a “pacificação e preservação da ordem pública diante da situação de tensão envolvendo as etnias Yanomami e Baré”.

“O efetivo da FNSP chegou à região no mesmo dia para reforçar a segurança e garantir a proteção das comunidades e do patrimônio público. Por questões estratégicas e visando preservar a integridade dos agentes e da população, o número de efetivos mobilizados não será divulgado”, diz trecho da nota enviada à reportagem.

O órgão também informou que a Força Nacional atua em cooperação com a Funai, as lideranças indígenas, a PC-AM, a Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), a Guarda Municipal e o Exército Brasileiro, além de manter contato com outras instituições, como o MPI. “Reuniões de articulação foram realizadas para alinhar esforços na investigação do crime e promover o diálogo e a estabilização da situação local, que atualmente é considerada controlada”, concluiu o MJSP.

Leia mais: Indígena é estuprada e assassinada no AM; polícia investiga
Editado por John Britto

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