Justiça decreta prisão de suspeito de matar palestino em Manaus
Por: Jadson Lima
09 de fevereiro de 2025
MANACAPURU (AM) – O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) determinou, às 18h57 deste domingo, 9, a prisão temporária, por 30 dias, de Robson Silva Nava Júnior. Ele é apontado pelas investigações da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) como o autor do assassinato do palestino-brasileiro Mohammad Ali Ismail Hamdan Manasrah, de 20 anos.
O crime ocorreu na madrugada de sábado, 8, mas proximidades da casa noturna Rox Clube, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, na Zona Centro-Sul da capital amazonense. O caso é investigado pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS)
A CENARIUM teve acesso, com exclusividade, ao mandado de prisão, expedido pela Central de Plantão Criminal e assinado pelo juíz Reyson de Souza e Silva. Além da prisão temporária de 30 dias, a Justiça expediu mandado de busca e apreensão na residência do investigado, que não teve o endereço informado.
Ele, no entanto, deixou de decidir sobre a interceptação das comunicações telefônicas e a quebra do sigilo de dados telefônicos/telemáticos, por entender que o deferimento das medidas não são “típicas de cognição em plantão criminal”. VEJA TRECHO:

Mandado expedido na noite deste domingo, 9, pelo TJAM (Imagem/CENARIUM)
Na decisão a qual a CENARIUM teve acesso, o magistrado cita a Lei 2.848, no artigo 121 e parágrafo 2, que trata do crime de homicídio qualificado por motivo fútil e mais cinco tipificações. De acordo com Legislação vigente, a pena para condenados varia de 12 a 30 anos de prisão.
Ao solicitar os mandados judiciais, a autoridade policial informou ao juíz que Robson Júnior compareceu à delegacia por livre espontânea vontade, em suposta tentativa de esclarecimento dos fatos. Outra pessoa que testemunhou o caso, diz a representação, coloca o homem de 30 anos como o principal suspeito pelo assassinato, apesar da roupa não ser compatível com as imagens de câmeras de segurança.
“Uma testemunha do fato o reconhece como sendo quem teria desferido golpe fatal contra a vítima MOHAMAD MANASRAH; que o representado apresentou a camisa que teria sido utilizada por ele no momento dos fatos, porém a vestimenta não é a mesma visualizada nas imagens, colhidas por câmeras de segurança do local”, diz trecho da decisão.

Além da representação pela prisão de Robson Júnior, a autoridade policial pediu as outras medidas cautelares, como a busca e apreensão do celular do investigado e a quebra dos sigilos telemáticos, “por entender imprescindíveis às investigações, como forma de consolidar a autoria/participação quanto ao delito em apuração”. O juíz plantonista deferiu apenas partes dos pedidos feitos pela PC-AM.
“O aparelho celular mencionado pela autoridade policial, de propriedade do representado, haja vista a constatar indícios razoáveis de que pode reunir dados relevantes à comprovação de autoria e materialidade do delito em apuração, considerando, ademais, que tais dados possam ser comprometidos, alterados ou mesmo eliminados com o tempo, revelando-se mister o deferimento da referida medida cautelar”, diz outro trecho da decisão.
Vítima passava férias
Estudante do curso de Ciência da Computação na Universidade da Jordânia, no Médio Oriente, o palestino Mohammad Ali Ismail Hamdan Manasrah, de 20 anos, estava de férias com a família em Manaus (AM). A vítima voltaria para o país na próxima quarta-feira, 12.
O representante da Sociedade Árabe Palestina do Amazonas e familiar da vítima, Mamoun Imwas, informou à CENARIUM que Mohammad estava em Manaus para visitar o pai e o irmão. “Ele estudava na universidade jordaniana e morava na Jordânia. Veio a Manaus visitar o pai e o irmão. A passagem de volta estava marcada para a próxima quarta-feira“, declarou à reportagem.
Mamoun Imwas informou, ainda, que o estudante nasceu na capital amazonense, mas desde criança residia na Jordânia. “Ele nasceu em Manaus e foi morar ainda pequeno na Jordânia. Poucas vezes ele vinha passear aqui. Mohammad tem dupla nacionalidade, era palestino e brasileiro“, informou.

De acordo com uma nota emitida pela Sociedade Árabe Palestina do Amazonas, a confusão envolvendo o jovem e o suspeito Robson Júnior iniciou-se nas dependências do estabelecimento. A nota aponta que seguranças do local orientaram o grupo envolvido na discussão a sair das dependências do local por motivo de segurança, mas, antes do pedido, funcionários do estabelecimento tentaram apaziguar a situação.