Justiça Federal determina ‘trancamento imediato’ de inquérito contra líder indígena Sônia Guajajara


05 de maio de 2021
Justiça Federal determina ‘trancamento imediato’ de inquérito contra líder indígena Sônia Guajajara
Sonia Guajajara (Matheus Alves)

Com informações do jornal O Globo

RIO – A Justiça Federal determinou, na noite desta quarta-feira, o trancamento imediato do inquérito contra a líder indígena Sônia Guajajara aberto pela Polícia Federal a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai) para investigar a difusão de “fake news” e indícios de crime de estelionato durante a série na web “Maracá”, em 2020.

A decisão do juiz federal Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara do Distrito Federal, também torna nula a intimação de Sônia para que se apresente junto à PF, “vez que se trata de constrangimento ilegal perpetrado contra sua esfera de direitos”, diz trecho do documento ao qual O GLOBO teve acesso.

“As discussões tratadas na série “Agora é a Vez do Maracá” consubstanciam-se em válidas manifestações do direito fundamental à liberdade de expressão. Não há ali qualquer tipo de conduta, seja ela comissiva ou omissiva, que justifique ilações quanto à legalidade das discussões e informações tratadas. A liberdade de manifestação do pensamento é direito fundamental que não apenas protege a esfera de direitos básicos do indivíduo em sua dimensão pessoal, mas que também viabiliza e compõem toda a estrutura democrática e republicana idealizada na Constituição Federal de 1988”, diz a decisão.

“Assim o sendo, quaisquer ações ou omissões estatais que busque mrestringir a liberdade de expressão devem ser colocadas sob rigoroso escrutínio. Isso, por óbvio, não significa que abusos devam ser tolerados a despeito de qualquer custo”, afirma o juiz.

A decisão do juiz é uma resposta ao pedido de habeas corpus feito por advogados indígenas da Articulaçao dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), do qual Sônia é coordenadora executiva.

A Funai acusava Sônia de difamar o governo federal com críticas feitas na web série. A Apib argumenta que existe farta quantidade de documentos técnicos que evidenciam a ineficiência por parte do governo federal em combater a pandemia nos territórios indígenas e que, diante de tal omissão, iniciou a campanha emergência indígena para “suprir a inércia do governo federal”.

“Tínhamos a certeza que a Justiça iria atender nosso pedido, pois este inquérito não possui sustentação jurídica e revela-se uma clara perseguição ao movimento indígena por parte da Funai”, afirma Luiz Henrique Eloy Terena, um dos três advogados indígenas que assinam o habeas corpus.

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