Laboratório cria teste que detecta o novo coronavírus com o custo de R$ 95

O próprio paciente pode coletar o líquido, despejando-o em um tubinho esterilizado (Reprodução/Internet)

Da Revista Cenarium*

O laboratório de genômica Mendelics elaborou um teste de detecção do novo coronavírus no organismo que promete ser eficiente. O exame será feito em larga escala com um valor mais em conta. Desenvolvido em parceria com o Hospital Sírio-Libanês, responsável pela validação dos exames, tem o custo de R$ 95.

A saliva é o material usado no teste, e esse é um dos motivos da grande diferença de preço em relação aos demais apresentados no mercado, realizados a partir de sangue ou secreção nasal. O próprio paciente pode coletar o líquido, despejando-o em um tubinho esterilizado.

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O teste já está disponível para alguns parceiros do laboratório, como o próprio Sírio-Libanês, mas, ao menos em um primeiro momento, não será vendido para pessoas físicas. O preço mais baixo também se justifica pelo fato de que, no novo exame, não se utilizam os reagentes empregados em outros testes para Covid-19, que estão em alta demanda mundial e, portanto, mais caros.

O RT-PCR, que usa amostra de material coletado com swab (um tipo de cotonete) no nariz ou garganta do paciente, é considerado o mais confiável do mercado e não custa menos de R$ 200. “[O novo teste] é mais barato porque é mais simples. Foi difícil desenhar, mas, depois que ele funcionou, a gente foi removendo todas as etapas que eram supérfluas. Com isso, você vai removendo dificuldade de implementação, pessoas, robôs, plástico e, o mais caro de tudo, os insumos, os reagentes químicos e enzimas usados no processo”, disse à reportagem David Schlesinger, CEO e um dos fundadores do laboratório.

Segundo ele, a simplicidade não impede que o exame seja tão confiável quanto o RT-PCR. O novo método traz uma vantagem para a realização em larga escala: fica pronto em uma hora, enquanto um RT-PCR leva de 12 a 24 horas para ser processado.

“Os resultados, até para minha surpresa, foram iguais aos do PCR. No Sírio, a mesma pessoa coletava a amostra do swab nasal e a saliva. E isso confirmou que os resultados foram iguais. A gente teve a mesma sensibilidade, a mesma especificidade”, afirmou Schlesinger, que é médico.

O novo teste desenvolvido é um exame molecular. Batizado de “#Parecovid”, ele utiliza a metodologia RT-Lamp. A partir da saliva, o teste reconhece o material genético do Sars-CoV2, o coronavírus que causa a Covid-19. “O PCR é um processo enzimático em que você copia o DNA muitas vezes, elevando e baixando a temperatura. O Lamp é um PCR avançado, que circula o DNA. É como se fosse um trenzinho que fica andando em círculos e a cada volta completa copia o DNA inteiro. Só que ele faz isso na mesma temperatura, e você não perde tempo elevando e baixando”, explicou o executivo do Mendelics.

“O exame endereça alguns obstáculos que dificultaram uma testagem mais abrangente no Brasil. Por ser realizado na saliva e ter um poder de processamento muito rápido, permitirá mais exames em menos tempo”, disse Luiz Fernando Lima Reis, diretor do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa.

As amostras estão sendo recolhidas em todo o país, porém o processamento é concentrado em São Paulo, o que oferece desafios logísticos duros. Apesar deles, o Mendelics espera chegar à capacidade de 100 mil exames por dia e afirma que não vai patentear a tecnologia. Ela será aberta a outros laboratórios para que a testagem diária cresça a ponto de tornar mais segura a reabertura da economia.

“A gente não imaginava a demanda represada que existia. A gente quer atingir mais de 100 mil testes por dia, mas a demanda neste momento é muito maior do que isso. O Brasil tem que chegar a pelo menos 1 milhão de testes por dia, e só dá para ter esse volume com todos trabalhando na mesma direção”, disse o CEO do Mendelics.

De acordo com ele, mesmo os laboratórios menores com exames moleculares no catálogo têm plena capacidade de realizar os testes. Para o médico, “R$ 95 é só o primeiro passo”, e será possível obter um custo ainda menor com o desenvolvimento da operação.

(*) Com informações da Folhapress

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