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Lei autoriza uso de medicamentos do ‘kit Covid’ em ‘caráter experimental’ em Rondônia
O documento já está em vigor e, segundo a ALE-RO, deve ter validade enquanto durar a pandemia (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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20 de janeiro de 2022
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) — Medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento contra a Covid-19 agora podem ser administrados em pacientes de Rondônia, com base em nova lei promulgada pela Assembleia Legislativa do Estado (ALE-RO), nesta última segunda-feira, 17. O texto autoriza que a hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina e azitromicina, drogas que compõem o famoso ‘kit Covid’, sejam utilizados em ‘caráter experimental’ na fase inicial da doença ou ainda que não haja comprovação laboratorial da infecção pelo Sars-Cov-2.
“Nós já temos experiências acumuladas nesses dois anos, em que foram feitos trabalhos, tanto no Amazonas quanto em outros centros de saúde, que identificaram que não existe comprovação nenhuma desse ‘kit Covid’ em humanos. Isso já foi ultrapassado e, hoje, nós temos informações científicas de que isso não funciona”, afirmou, em entrevista à CENARIUM, o infectologista Nelson Barbosa.
A Lei nº 5.308/2022 estabelece que para aderir ao tratamento, o paciente deve assinar um termo de consentimento. O documento já está em vigor e, segundo a ALE-RO, deve ter validade enquanto durar a pandemia.
O decreto aprovado pelo Legislativo é de autoria do deputado estadual Chiquinho da Emater (PSB) sendo encaminhado ao governo do Estado, que se absteve da sanção e, por isso, acabou publicado pela própria ALE-RO.
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Riscos à saúde
Nelson Barbosa explica que o uso do ‘kit Covid’ pode causar problemas à saúde humana, se utilizados para combater o coronavírus, ao invés de combater os sintomas.
“Por exemplo, a hidroxicloroquina, se a pessoa tiver alguma arritmia no coração, ela pode precipitar uma parada cardíaca e a pessoa morrer. Então, é importante não tomar nenhuma medicação desse ‘kit Covid’”, explicou. “Se o uso for experimental, pior ainda”, acrescentou o especialista.
Além disso, há quase dois anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia alertado sobre o emprego ineficaz e prejudicial da hidroxicloroquina e outras três drogas no tratamento da doença. Já a ineficácia da ivermectina é atestada pela própria empresa fabricante.
Em 2020, o secretário de Estado da Saúde de Rondônia, o médico Fernando Máximo, contraiu hepatite medicamentosa durante tratamento da Covid-19, em uma Unidade de Terapia Intensiva. A suspeita é de que a complicação tenha sido causada por conta da administração dos medicamentos recriminados pela ciência, mas Fernando Máximo não assumiu tal correlação.
Rondônia também serviu de experimento
Com o título ‘Eles fizeram a Amazônia de cobaia’, a edição nº 14 da REVISTA CENARIUM, de agosto de 2021, escancarou o experimento feito com as populações dos Estados integrantes da região amazônica por meio do ‘kit Covid’.
O especial de capa também abordou os retrocessos na saúde de Rondônia, como a distribuição dos medicamentos ineficazes aos 52 municípios do Estado, a adesão de gestores municipais e a facilidade para a aquisição, principalmente de ivermectina -remédio utilizado contra piolhos -, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além do investimento milionário da Prefeitura de Porto Velho em comprimidos.
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