Levantamento mapeia mais de 15 milhões de pessoas LGBTQIA+ no Brasil
23 de setembro de 2022
Os números obtidos equivalem a 9,3% da população (a partir dos 16 anos) (Talita Nascimento/Reprodução)
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS – Mais de 15,5 milhões de pessoas afirmam integrar a comunidade LGBTQIA+ no Brasil, é o que aponta os dados da “Pesquisa do Orgulho”, realizada pelo DataFolha e divulgada na quarta-feira, 21. O estudo foi encomendado pela marca brasileira de sandálias Havaianas e a organização All Out (movimento global voltado para o apoio jurídico à comunidade) e tem como um dos principais objetivos mapear e tirar da invisibilidade esse grupo populacional.
De acordo com o levantamento apresentado durante uma mesa-redonda promovida pela empresa brasileira de sandálias, os números obtidos equivalem a 9,3% da população (a partir dos 16 anos). O quantitativo de pessoas na faixa dos 16 a 24 anos que se identifica como integrante da comunidade é de 18%. Entre os que estão com 60 anos ou mais a porcentagem cai para 5,3% dos entrevistados.
Pesquisa do Orgulho Havaianas / Datafolha (Reprodução/Youtube)
A consultora de inovação e diversidade, Cristina Naumovs, e a gerente sênior de campanhas para a América Latina com a All Out, Ana Andrade, foram alguns dos profissionais que participaram do evento. Em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, a gerente sênior da All Out, Ana Andrade, ressaltou a relevância da pesquisa quanto ao mapeamento e percepção da sociedade.
“Muitas pessoas LGBTQIA+ não vivem 60 anos. Travestis e transexuais femininas, por exemplo, têm uma expectativa de vida de 35 anos. Sobre a população heterossexual e cisgênero, as respostas evidenciam um instinto violento. Dizer que respeita, mas não aceita o afeto, é ser extremamente violento quanto à existência do outro como igual”, disse Ana à Folha de S.Paulo.
Dados e perfil populacional
Dentre as pessoas consultadas, (2,7% se identificaram como bissexuais), (1,6% como gays), (1,5% como heterossexuais / inclui pessoas que se identificam como trans e travestis) e (1,2% como lésbicas) assexuais e pansexuais somaram (0,9%). O levantamento também informa que pouco mais de 80% afirmam não fazer parte do grupo e 8% não quiseram se identificar.
Conforme o estudo, a proporção da população LGBTQIA+ varia de acordo com cada região do País. Com (10,1%), o primeiro lugar fica para a Região Centro-Oeste, em segundo aparece o Sudeste com (9,9%), o terceiro lugar é ocupado pela Região Norte, com (9,8%). Sul e Nordeste aparecem por último, com (8,7%) e (8,5%), respectivamente.
Mesa-redonda com a presença da estilista Isaac Silva; cantora Pepita; do executivo do Datafolha, Paulo Alves; da gerente sênior da All Out, Ana Andrade e da consultora de inovação e diversidade, Cristina Naumov (Reprodução/Youtube)
Diante dos dados, nas regiões metropolitanas o quantitativo é maior, com (10,9%). Em cidades do interior, os números caem para (8,2%). Em relação ao respeito e garantia de direitos, os percentuais divergem. Segundo o Datafolha, 85% dos entrevistados não LGBTQIA+ disseram respeitar as pessoas LGBTQIA+ e 79%, concordam que a população LGBTQIA+ deve ter os mesmos direitos da população não LGBTQIA+.
Preconceito e desigualdade
Sentindo o peso do preconceito e diferença de oportunidades, 34% das pessoas LGBTQIA+, economicamente ativos, percebem, na maioria das vezes, que não têm a mesma chance e oportunidades de crescimento na empresa do que os demais colegas de trabalho, e 70% delas não se sentem avaliadas pelas qualificações em entrevistas de emprego.
Entre o grupo de pessoas de 25 a 44 anos, que somam a maior parte da faixa da população economicamente ativa, 36% abordam, abertamente, sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero, no ambiente de trabalho, e 40% dessa população se sente rejeitada no mercado.
Pesquisa do Orgulho Havaianas / Datafolha (Reprodução/Youtube)
Sobre a pesquisa
Para a obtenção dos dados, foram realizadas 3.194 entrevistas em 120 municípios de todo o País. Para a pesquisadora e docente do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Universidade Estadual de Campinas, os dados divulgados não invalidam os divulgados por órgãos oficiais, como pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É uma pesquisa que nos incentiva a aprimorar a coleta de dados oficiais sobre pessoas da comunidade LGBTQIA+, mas ela não pode ser tratada como algo maior do que realmente é. O que precisamos é de uma pesquisa ampla, comandada por um órgão de governo, sobre a comunidade”, declara Facchini à Folha de S.Paulo.
Veja Vídeo:
Pesquisa do Orgulho Havaianas / Datafolha (Reprodução/Youtube)
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