Liderança indígena agride e arranca olho de esposa no Vale do Javari, diz família
Por: Letícia Misna
09 de outubro de 2024
MANAUS (AM) – Uma indígena da etnia Mayuruna, identificada como Analice Mayuruna, foi vítima de violência doméstica na manhã desta quarta-feira, 9, praticada pelo marido, Mauricio Mawi Mayuruna. Um familiar da mulher afirmou à CENARIUM que as agressões físicas ocorreram na Terra Indígena (TI) do Vale do Javari, nas proximidades do município Atalaia do Norte (AM), localizado a 1.138 quilômetros de Manaus.
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Segundo relatos feitos por mensagens, o homem chegou a arrancar um dos olhos da mulher durante uma discussão por ciúmes. A CENARIUM teve acesso a fotos. As informações foram confirmadas por lideranças da aldeia Nova Esperança, onde habita o povo Mayuruna. Maurício é vice-presidente da Organização Geral dos Mayuruna (OGM) e segue no local após o caso de violência ser registrado.

O familiar da vítima, que não quis se identificar, afirmou que a violência ocorreu dentro de uma embarcação regional de pequeno porte no meio do Rio Pardo, ocasionada por uma crise de ciúmes de Mauricio. O casal estava junto dos filhos e de outros familiares na embarcação, que seguia para o município de Atalaia do Norte (AM).
Após a agressão, a família conseguiu parar em uma comunidade indígena, conhecida como aldeia ‘Terrinha’, onde a vítima recebeu os cuidados de primeiros socorros em uma casa de saúde. “Ela quase perdeu a vida dela; quase morreu”, afirmou o familiar.

Após os primeiros socorros, a vítima retornou à comunidade Nova Esperança, está sob observação de profissionais de saúde e aguada a remoção da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) para uma unidade hospitalar. O familiar dela informou que está prevista a ida de uma aeronave de saúde ao local para fazer o resgate da vítima.
Os familiares de Analice denunciaram o caso na 50ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Atalaia do Norte (AM), que registrou um Boletim de Ocorrência (BO) para apurar as circunstâncias da agressão.

Função
A CENARIUM questionou a Organização Geral dos Mayuruna sobre a permanência do suspeito na função de vice-presidente da associação. A OGM se limitou a informar que ainda não houve definição sobre a situação.
Familiar nega
Nesta quinta-feira, 10, o irmão de Maurício, Edimilson Nakua, fez contato com a CENARIUM após tentativas. O morador do Vale do Javari (AM) negou agressão física e afirmou que as acusações são “mentirosas e caluniosas (sic)”.
O homem confirmou que houve “briga pequena”, mas que Analice, a vítima, tinha batido [o rosto] em um pau”. Edimilson ressaltou ainda que “é a favor das mulheres, mas que, infelizmente, brigas domésticas fazem parte da sua cultura”.