Lideranças Indígenas cobram ação ‘efetiva’ para combater garimpeiros e invasores


Por: Joselinda Lotas

19 de setembro de 2024
Lideranças Indígenas cobram ação ‘efetiva’ para combater garimpeiros e invasores
O território de Roraima e uma área de terra indígena destruída (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

BOA VISTA (RR) – O Conselho Indígena de Roraima (CIR), membros do Grupo de Proteção, Vigilância Territorial Indígena (GPVTI) e outras lideranças do Estado voltaram a cobrar ações efetivas no combate às invasões das Terras Indígenas (TIs) e contra o aumento do garimpo ilegal na terra indígena Raposa Serra do Sol. A cobrança ocorreu durante uma reunião na sede da Polícia Federal (PF), que contou com representantes do Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e outros órgãos empregados em operações que miram os garimpeiros nessas regiões.

A reunião ocorreu em Roraima (Divulgação)

O assessor jurídico do Cir, Ivo Makuxi, afirmou é uma das formas das autoridades compreenderem a necessidade de manter operações na região, além de traçar estratégias para enfrentar ações criminosas de garimpo dentro dos territórios indígenas. Ele também destacou que, até o momento, não há plano efetivo de proteção aos indígenas.

“O encontro reforça a necessidade de atuação conjunta e estratégica no combate ao garimpo em outras terras indígenas, além da terra Yanomami. Uma vez que nós, da organização, encaminhamos diversas denuncias aos órgãos de segurança pública da União, mas até agora não há um plano efetivo de proteção das terras indígenas que continuam sofrendo com a invasão de garimpeiros que estão fugindo da Terra Yanomami”, afirmou.

Durante a reunião, Ivo Makuxi pediu apoio do MPF e demais órgãos para elaborar um plano de combate e fiscalização das terras indígenas. As diretrizes devem conter normas para nortear as operações de combate às invasões. Ele também denunciou que a TI Raposa Serra do Sol, onde habitam os povos Macuxi, Wapichana, Taurepang, Ingarikó e Patamona.

[O plano deve abranger] principalmente na terra indígena Raposa Serra do Sol, Waiwai, região da Serra da Lua. A região continua sofrendo com essa invasão maciça de garimpeiro que estão presentes e abrindo vários pontos de garimpo, ameaçando as comunidades. Recentemente tivemos uma tentativa de assassinato de uma liderança indígena na terra indígena Boqueirão. E tudo isso se agravando cada vez mais, e continuamos cobrando medidas no combate a esses crimes”, enfatizou.

Adovgado e assessor jurídico da CIR (Reprodução/Arquivo pessoal)

A reunião já é a segunda realizada desde o último conflito na comunidade Eren Mutan Ken, localizada município de Uiramutã, a 206 quilômetros de Boa Vista (RR), quando houve um ataque contra o posto de vigilância do GPVTI, instalado na região para coibir a entrada de garimpeiros ilegais.

De acordo com a denúncia do GPVTI e das lideranças indígenas da Raposa Serra do Sol, realizada no mês de agosto, milhares de balsas foram vistas no rio Maú. Os líderes apontam que as embarcações devem ser utilizadas no garimpo ilegal. Acampamentos de invasores da região também foram encontrados dentro do território.

Operação

A Operação Integração II, iniciada em 14 de setembro, está focada no combate ao garimpo ilegal e na proteção dos recursos naturais. As ações, conforme as autoridades empregadas, já resultou na destruição de diversos materiais e estruturas associadas à mineração ilegal na TI Yanomami.

Realizada a cerca de 300 quilômetros de Boa Vista nas áreas de Apiaú, Rio Novo e Alto Mucajaí, a operação inutilizou dois geradores, três motoserras, um motor, uma serra elétrica, uma máquina de solda, uma bomba de água. Também foram apreendidos 15 galões de combustível, quatro rádios comunicadores, cinco roteadores de internet e doi freezers.

Coordenada pela Casa de Governo de Roraima, a ação envolveu o Exército, Marinha, Força Aérea, PF, PRF, Força Nacional de Segurança Pública, Funai e Ibama. Aproximadamente 54 militares e 13 integrantes de outros órgãos participaram. A equipe contou com o apoio de três helicópteros.

Leia mais: Roraima: investigado comprou gado com dinheiro de garimpo, diz coordenador da PF
Editado por Jadson Lima

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