Liminar de primeira instância impede que Renan assuma relatoria da CPI da Covid


26 de abril de 2021
Liminar de primeira instância impede que Renan assuma relatoria da CPI da Covid
Renan vem criticando de forma reiterada atuação do governo federal durante a pandemia Foto: (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA — A Justiça Federal do Distrito Federal determinou nesta segunda-feira que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) não poderá ser relator da CPI da Covid, cuja instalação está prevista para esta terça-feira. A decisão liminar em primeira instância atendeu a um pedido feito numa ação popular movida pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente Jair Bolsonaro. Renan afirma que vai apresentar recurso e acusa o governo de ter participação na iniciativa.

Sem entrar no mérito, o juiz Charles Frazão de Morais, da 2ª Vara Federal Cível da Justiça de Federal do Distrito Federal, argumentou que decidiu impedir Renan de assumir a relatoria da comissão por prudência e para “evitar prejuízo para o desenvolvimento dos trabalhos da CPI e à própria atividade parlamentar do senador demandado”.

Em seu despacho, o magistrado determinou que o parlamentar não pode ser submetido à votação para compor a CPI na condição de relator. Não há, no entanto, eleição para a relatoria. A prerrogativa da indicação é do presidente do colegiado.

“Determino que a União diligencie junto ao Senado da República, na pessoa do seu presidente, para que este obste a submissão do nome do Ilustríssimo Senhor Senador José Renan Vasconcelos Calheiros à votação para a composição da CPI da Covid-19 na condição de relator, exclusivamente até a juntada das manifestações preliminares dos requeridos quanto ao pedido de tutela de urgência formulado pela autora, oportunidade em que será reapreciado o pedido no ponto, desta feita com mais subsídios fundados no contraditório das partes, tudo sem nenhum prejuízo para o prazo de contestação”, diz trecho da decisão.

Ao GLOBO, Renan classificou a decisão como “uma interferência indevida de um juiz de primeira instância no poder Legislativo, limitando a liberdade de atuação do parlamento”. Para ele, a iniciativa de Zambelli faz parte de uma estratégia do governo.

— Estamos apresentando recurso. A CPI é uma investigação, ela tem poderes constitucionais. Não há precedente quanto a uma decisão tão esdrúxula quanto essa. Nunca houve uma decisão tão esdrúxula e indevida, de primeira instância, e que contém censura prévia, porque sequer fui escolhido relator (oficialmente). Isso não é Carla Zambelli, isso é uma questão do governo, vide a entrevista que o Flávio [Bolsonaro] deu [ao GLOBO]. Estão fazendo muito esforço — declarou Renan.

Na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) se posicionou contra a possibilidade de Renan assumir a relatoria da CPI. Em entrevista ao GLOBO, Flávio citou a ação de Carla Zambelli e disse que poderia “haver uma decisão judicial favorável”.

— Eu mesmo não batalhei para integrar a CPI, porque sou filho do presidente e, óbvio, não teria posição isenta na comissão. É claro que eu iria querer defender o governo. Da mesma forma, Renan e Jader (Barbalho) vão olhar para os estados deles e, caso haja suspeita de irregularidades, como atuariam? Tanto o filho do Renan quanto o do Jader são governadores (de Alagoas e Pará). Isso levanta suspeição — argumentou Flávio, na ocasião.

Há um acordo feito por senadores independentes e da oposição, que representam a maioria do colegiado, para eleger o senador Omar Aziz (PSD-AM) como presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) como vice-presidente e Renan Calheiros como relator.

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