Limite ao ICMS sobre energia é aprovado pela Câmara, que prevê compensação a Estados e municípios

Câmara precisa votar ainda sugestões para modificar a proposta, que, depois, segue para o Senado (Reprodução)
Danielle Brant – Da Folhapress

BRASÍLIA — A Câmara dos Deputados aprovou nessa quarta-feira, 25, o texto-base do projeto que limita o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre energia e combustíveis. Além disso, o Congresso inseriu no texto uma nova tentativa de fixar a tributação sobre o diesel.

O texto-base do projeto foi aprovado por 403 a 10. Os deputados precisam votar ainda sugestões para modificar a proposta, que, depois, segue para o Senado.

Veja também: ‘É uma decisão política’, afirma Marcelo Ramos sobre decisão que o destituiu da vice-presidência da Câmara

PUBLICIDADE

O projeto faz parte de uma ofensiva do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tentar reduzir o preço da energia no País, em meio à preocupação de aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) com o impacto da inflação sobre as eleições.

O texto aprovado nessa quarta-feira, 25, classifica combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte público como bens e serviços essenciais. Com isso, valeria entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que limita a incidência do imposto a uma faixa de 17% a 18%.

A proposta prevê uma compensação a Estados em caso de perda de arrecadação. Para entes endividados, a União ficaria autorizada a deduzir do valor das parcelas dos contratos de dívidas as perdas de arrecadação superiores a 5% em relação a 2021. A dedução vai até 31 de dezembro de 2022 ou até a dívida acabar.

Câmara

Estados em regime de recuperação fiscal terão as perdas com arrecadação compensadas integralmente. Estados sem dívida ficam sem compensação.

Em ofício, o presidente do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz) e do DF, Décio Padilha, critica a medida. Ele afirma que, neste ano, o impacto do congelamento dos combustíveis será de R$ 37 bilhões e que, de novembro de 2021 a abril deste ano, a frustração de receita real gira em torno de R$ 17 bilhões.

“Mesmo com essa significativa perda de receitas, a Câmara dos Deputados agora pretende aprovar projeto cujo impacto financeiro para os Estados e o Distrito Federal poderá ser entre R$ 64,2 bilhões e R$ 83,5 bilhões por ano, o que torna impraticável levar este projeto adiante”, afirmou.

“Tais valores representam patamares mínimos, aos quais podem ser acrescidos outros fatores que os tornem mais graves, caso sejam consideradas a repercussão do congelamento ou limites ainda mais elevados no preço dos combustíveis.”

O projeto estende a possibilidade de compensação de perdas para municípios. “De ontem [terça, 24] para cá, houve a procura muito grande de diversos deputados e prefeitos, associações de prefeitos, no sentido de que a gente pudesse também estender essa trava aos municípios, haja visto que 25% da receita com ICMS é compartilhada com esses municípios”, afirmou o relator do texto, Elmar Nascimento (União Brasil-BA). “E nós estamos estendendo essa garantia também aos municípios.”

Mais cedo, antes do novo relatório, a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) havia estimado uma perda de receita de R$ 21 bilhões caso os municípios não fossem contemplados pela medida compensatória.

O relatório também muda lei complementar que trata da incidência de ICMS sobre diesel para prever que a base de cálculo do imposto será, até 31 de dezembro deste ano, a média de preços dos últimos cinco anos.

Alíquota

A lei, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, prevê a adoção de uma alíquota única de ICMS sobre combustíveis, a ser regulamentada pelo Confaz. O colegiado é formado por representantes do Ministério da Economia e pelos secretários estaduais de Fazenda.

Os Estados haviam costurado uma alíquota máxima com “fatores de equalização” individuais para cada Estado – na prática, eles poderiam manter a cobrança nos mesmos níveis de antes da nova lei.

O formato foi a maneira encontrada de cumprir a lei sem impor ônus aos governadores, seja ele financeiro (pelo prejuízo na arrecadação), seja político (de ampliar a carga tributária em seus Estados). Para o governo federal, porém, a regulamentação representa um drible à lei.

O governo recorreu ao STF. Na terça-feira, 24, o ministro André Mendonça deu 48 horas de prazo “improrrogável” para que todos os Estados e o Distrito Federal prestassem informações na ação em que o governo tenta garantir a redução da cobrança do ICMS sobre o diesel pelos Estados. O projeto aprovado nessa quarta-feira, 25, é uma nova tentativa de fixar a tributação sobre diesel.

O texto inclui ainda mudanças nos conselhos de supervisão dos regimes de recuperação fiscal dos Estados para prever três titulares com experiência profissional e conhecimento técnico nas áreas de gestão de finanças públicas, recuperação judicial de empresas, gestão financeira ou recuperação judicial de empresas, gestão financeira ou recuperação fiscal de entes públicos.

Lira e o ministro Paulo Guedes (Economia) fazem um esforço conjunto para tentar reduzir a resistência do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao texto.

O time de Guedes argumenta que os governadores estão com caixas cheias e que é preciso devolver essa receita diretamente à população em vez de partir para soluções vistas como ineficazes -como a criação de subsídios. Por isso, o corte de impostos é considerado o ato mais adequado.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.